Charlie Chaplin, Ingmar Bergman, Federico Fellini, Roman Polanski, François Truffaut e Rainer Werner Fassbinder são cineastas que marcaram a história da sétima arte. De diferentes épocas, países e com estilos muito pessoais, cada um deles se debruçou sobre um tema em comum: a Segunda Guerra Mundial, elo que une a obra de todos na programação da mostra “A Era do Extremos”, em cartaz até o dia 21 de novembro no Cine Humberto Mauro.
Considerada a maior tragédia da história da humanidade, a disputa bélica envolveu as maiores nações do mundo entre 1939 e 1945. “Para sociólogos e cientistas políticos, o nazismo – e seu massacre nos campos de concentração – é o evento mais traumático da sociedade moderna. Mesmo outros regimes totalitários, onde mais pessoas foram mortas, não tiveram desdobramentos tão profundos e graves”, observa Vítor Miranda, um dos curadores da mostra.
Para ele, o interesse do cinema pelo evento tem a ver com a forma que Hitler encontrou para propagar sua ideologia, cravando feridas ainda hoje difíceis de serem cicatrizadas nos herdeiros de vítimas do Holocausto, cujo genocídio de mais de 6 milhões de judeus ainda ecoa. “Ele associou o discurso a toda uma iconografia estética para cometer atrocidades, comparando judeus a ratos que transmitiam doenças e mostrando a arte moderna como degenerada, ao exibir quadros de Picasso que ele acusava de aberração”, conta Miranda.
Seleção. Para selecionar os títulos que compõe a mostra, os curadores se detiveram em produções que traçavam um retrato amplo sobre o surgimento do nazismo e suas consequências individuais e coletivas. “A gente se distanciou de filmes de ação, belicistas, não era isso que nos interessava, mas o peso que aquelas opressões tiveram”, explica Miranda.
Com isso, a iniciativa percorre um longo espaço temporal, indo da década de 30 aos anos 2000. A diversidade de nacionalidades também comparece. “Os filmes alemãs têm o aspecto da culpa, os norte-americanos mostram um certo heroísmo”, diz o curador. Entre os selecionados estão “A Grande Ilusão” (1939), de Jean Renoir; “Noite e Neblina” (1955), de Alain Resnais; e “O Ovo da Serpente” (1973), de Bergman.
Já o título da empreitada é homônimo ao livro do historiador inglês Eric Hobsbawm. “Estamos falando do extremo entre a civilização e a barbárie”, conclui.
Agenda
O quê. Mostra “A Era dos Extremos”
Quando. Até 21 de novembro
Onde. Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537)
Quanto. Gratuito