Dona de uma voz inconfundível, Alcione celebra 50 anos de uma carreira bem-sucedida. “Sempre quis, desejei viver de música, do ofício de cantar”, afirma em conversa com O TEMPO. A comemoração das cinco décadas de sua trajetória inclui uma turnê comemorativa, que a cantora maranhense de 75 anos (ela completa 76 no próximo dia 21) apresenta hoje, em Belo Horizonte, no Arena Hall. No repertório, claro, as músicas que fizeram sucesso na voz da Marrom.
“Essa conquista valeu a pena, mas tive que trabalhar muito, batalhar muito em prol da realização dos meus sonhos”, conta Alcione, ao relembrar o início da carreira. De uma família musical – o pai era músico e, segundo ela, todas as irmãs cantam muito bem –, a intérprete se mudou ainda jovem de São Luís, no Maranhão (sua terra natal), para o Rio de Janeiro. Na capital fluminense, trabalhou em lojas de discos.
Depois, começou a cantar em bares nas noites do Rio e também de São Paulo. “Toda realização é fruto de muito trabalho e dedicação. Bati muita perna para cantar nas noites do Rio e de São Paulo, mas nunca me arrependi, porque cantar na noite era a maior escola para os artistas daquela época que pretendiam se profissionalizar”, diz.
A fama veio mesmo nos anos 1970, após a jovem Alcione participar de um programa de calouros na extinta TV Excelsior. A apresentação da cantora agradou tanto que ela foi contratada para trabalhar na emissora. A partir daí, veio o primeiro disco, a primeira turnê... e hoje, ela coleciona diversos hits, lançou mais de 30 álbuns de estúdio e vendeu mais de 8 milhões de cópias de discos.
“São inúmeros momentos importantes porque a trajetória é longa, felizmente”, pontua a intérprete de “A Loba”, “Meu Ébano” e que já gravou clássicos da música brasileira, como “Não Deixa o Samba Morrer”. “E, graças a Deus, os momentos positivos sempre superaram aqueles de incerteza ou menos favoráveis”, garante.
Muitos desses momentos estão registrados no álbum “Alcione 50 anos”, lançado recentemente, disponível nas plataformas digitais. “O disco foi gravado no Theatro Municipal do Rio, tem participações especiais de bailarinos, da Orquestra Sinfônica da Maré do Amanhã e de integrantes da Bateria da Mangueira (com direito à participação do casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estação Primeira). Está um luxo!”, detalha.
Ícone
Alcione é, hoje, considerada um dos grandes nomes do samba. Além de duetos com outros artistas já consagrados da música brasileira, a Marrom também tem feito parcerias com cantores da nova geração, como Iza e Ludmilla. “É uma honra saber que esses jovens me têm como uma de suas referências. Mas também aprendo com eles”, avalia Alcione.
Sobre ser considerada um dos ícones do samba, ela afirma: “Se é que sou mesmo isso, jamais me passou pela cabeça. Só pretendia, desde sempre, viver da minha profissão”.
Homenagem na Mangueira
Alcione também é Carnaval e será tema da Mangueira em 2024. “Acho que não existe honraria maior para um artista popular brasileiro. E a ficha ainda nem acabou de cair. São muitas flores em vida, só tenho a agradecer por tantos presentes nesse cinquentenário de carreira” comemora a Marrom. A relação dela com a verde e rosa é de longo tempo. “É desde que cheguei ao Rio e fui apresentada ao Bira, ex-presidente e, na época, relações-públicas da agremiação”, relembra.
Por que “Marrom”
Também chamada de “Marrom”, Alcione explica a origem do apelido. “Logo no início da carreira, viajava com um grupo de músicos para pequenas turnês, em uma Kombi”, conta. “Um desses instrumentistas, saudoso da namorada, vivia me pedindo para cantar ‘uma música pra marrom dele’. Daí a virar meu próprio apelido, foi um pulo (risos)”, diz a artista.
Serviço
O quê. Alcione no show “Alcione 50 anos”
Quando. Nesta sexta (10), às 22h
Onde. Arena Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi)
Quanto. R$ 480 (cadeira VIP); demais setores estão esgotados
Ingressos à venda na plataforma Sympla