Encontro

Amizade na vida e nas letras 

Cris Guerra e Leila Ferreira realizam o lançamento do livro “Que Ninguém Nos Ouça nesta terça, no Palácio das Artes

Por Carlos Andrei Siquara
Publicado em 07 de março de 2016 | 03:00
 
 
Autoras. Cris Guerra e Leila Ferreira mostram no livro “Que Ninguém nos Ouça” diálogos permeados por confissões e cumplicidade Fernando Martins

Quando publicou o livro “Para Francisco”, em 2008, a escritora e publicitária Cris Guerra enviou um exemplar para a jornalista Leila Ferreira, que ela acompanhava pela TV, em razão do seu programa de entrevistas. A partir dali, se estreitou uma relação de admiração mútua que cresceu aos poucos até desaguar na proposta de escreverem o livro “Que Ninguém Nos Ouça”, a ser lançado por elas nesta terça, no Grande Teatro do Palácio das Artes, à convite do projeto Sempre Um Papo.

“Eu me encantei com aquele livro e o primeiro contato entre a gente aconteceu por causa dele. Depois, nós voltamos a nos reencontrar, mas apesar de termos muita simpatia uma pela outra, não tínhamos uma convivência muito aprofundada”, conta Leila. Isso mudou quando elas foram chamadas para participar do Festival Literário de Araxá, em 2014, e da Festa Literária de Divinópolis, em 2015.

“Nesse primeiro encontro, eu fiquei encarregada de fazer a mediação da mesa que a Cris fazia parte. Nós rimos e conversamos muito. Depois, em Divinópolis nos esbarramos novamente no camarim. Ela ia fazer uma palestra sobre moda e eu ia falar sobre leveza. Aquele momento entre a gente foi tão bom e divertido que a Cris comentou que a gente podia inventar uma palestra para fazermos a quatro mãos”, recorda a jornalista.

Três dias após lançar essa ideia, Cris ligou para Leila, mas ao invés de afinar a realização de uma conferência, a autora sugeriu que elas fizessem juntas um livro. “Eu tinha lido ‘Viver Não Dói’, de Leila, durante uma viagem e resolvi escrever para ela o quanto aquela história tinha me tocado. Essa foi a primeira troca de e-mails entre a gente e foi uma coisa super afetiva. Quando a vi em Divinópolis eu propus criarmos uma palestra, mas depois eu vi que poderíamos escrever um livro baseado em correspondências. Ela topou, nós entramos em contato com a editora e em uma semana finalizamos o contrato para produzir o livro”, afirma Cris.

O e-mail que ela encaminhou, assim, inaugurou uma série de 63 mensagens escritas e reunidas agora no título. O tom dos diálogos, pontua Cris, é bastante confessional e inteiramente calcado nas experiências reais vividas por cada uma delas. “O que está ali é muito verdadeiro. Nós falamos da nossa vida como ela é e o resultado é o encontro das vozes de duas mulheres que compartilham opiniões sobre vários assuntos, especialmente aqueles que fazem parte do universo feminino. Nós conversamos sobre amor, sexo, e o próprio envelhecimento, que é uma realidade que faz parte daminha vida e da dela, entre outras coisas”, diz.

Leila, que já vinha abordando aspectos de sua vida pessoal em títulos anteriores, relata ter aprofundado essa perspectiva em “Que Ninguém nos Ouça”. “Eu comecei a me expor, ainda com um pouco de medo, em ‘A Arte de Ser Leve’. Nesse, eu falo da minha depressão. Depois eu voltei a falar de mim também em ‘Viver Não Dói’, em que escrevi sobre a minha mãe, e neste que fiz com Cris não foi diferente. Eu relatei, por exemplo, a minha dificuldade de amar, do medo que eu tenho do amor, do tanto que eu sou insegura também”.

De acordo com ela, facilitou essa abertura o laço de proximidade estabelecido entre ela e Cris. Ao seu ver, as trocas de correspondências fluíram de maneira natural e a amizade se constitui nesse percurso. Apesar de tratarem da intimidade de cada uma, ela observa que o livro não se encerra num bate-papo relevante apenas para duas pessoas.

“Eu acho que mesmo falando de coisas tão pessoas a gente pode alcançar outros leitores que talvez se identifiquem com as nossas dificuldades, alegrias ou perdas”, conclui.

Agenda

O quê. Cris Guerra e Leila Ferreira lançam “Que Ninguém nos Ouça”

Quando. Nesta terça, às 19h30

Onde. Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537, centro)

Quanto. Entrada franca

Saiba mais

Além de “Que Ninguém nos Ouça”, Cris Guerra prepara para abril o lançamento em breve do livro “Mãe”, que vai tratar da experiência da maternidade e terá ilustrações feitas pela artista Anna Cunha.