Tanto o título quanto os primeiros versos são tão marcantes que é capaz de muita gente desconfiar da própria memória ao perceber que Arnaldo Antunes, 57, nunca tinha feito um show chamado “A Casa É Sua”. Até agora. A música que aparece no disco “Iê Iê Iê” (2009) e “Ao Vivo Lá Em Casa” (2010) é daquelas que puxa todo um trabalho.
Talvez por isso Antunes tenha finalmente se rendido à sua força e a escolhido para nomear a apresentação que ele realiza neste sábado (11) em Belo Horizonte, ao lado de Chico Salem (violão e guitarra) e André Lima (teclados e sanfona).
“A gente acaba fazendo um repertório que passa por várias épocas da minha carreira, acaba tendo uma panorâmica bem abrangente dessa trajetória”, avalia o intérprete. Já o formato mínimo e pouco usual na carreira do músico habituado a bandas (integrou o octeto do Titãs até 1991) e projetos coletivos (como Pequeno Cidadão e Tribalistas) também tem uma razão de ser.
“Acaba sendo um show diferente, mais concentrado nas canções. Você mergulha mais nas composições do que nos ritmos. Então é menos dançante, embora, em alguns lugares, o público encontre um jeito de dançar essas melodias”, constata o compositor.
Repertório. Antunes não duvida que o fato possa voltar a ocorrer na capital mineira, pela própria experiência acumulada ao longo de vários anos se apresentando em BH nas mais diversas condições. “A cidade tem um público supercaloroso, super-receptivo, que canta todas as músicas. Das minhas lembranças por aí são os shows em espaços públicos os mais quentes! Fiz shows em ruas, praças, festivais que acabam tendo uma vibração diferente, especial”, assegura o músico.
“No teatro, a característica é diferente. É um show mais concentrado, mais atento, que coincide com a proposta que a gente traz”, compara. Para que o público observe a palavra e a transforme em dança ou contemplação, o entrevistado preparou uma lista para lá de múltipla.
“Não Vou Me Adaptar”, “Saiba”, “Meu Coração”, “Muito Muito Pouco”, além de “Naturalmente, Naturalmente” e “Põe Fé Que Já É”, do mais recente disco (de 2015) e parcerias com outros artistas, como “Consumado” (com Carlinhos Brown e Marisa Monte) e “Socorro” (com Alice Ruiz), estarão presentes.
A despeito do caráter revisionista da apresentação, o músico se considera atento ao que desponta no horizonte. “Na verdade, o último CD de inéditas (“Já É”) faz dois anos. Mas tenho alguns trabalhos recentes que me deixam muito feliz. O registro do show em Portugal (“Ao Vivo em Lisboa”, 2017), por exemplo. O fato de ser gravado lá, fora do Brasil. Tenho um carinho especial”, garante, e aponta uma (esperada) volta como outra novidade.
“E tem o retorno dos Tribalistas. Fiquei muito feliz com o reencontro com Carlinhos e Marisa. Então, todos esses projetos estão muito recentes, vamos excursionar com esses shows ainda”, promete. (Com Alex Bessas)
Agenda
O quê. Show “A Casa É Sua”, com Arnaldo Antunes
Quando. Neste sábado (11), às 21h
Onde. Cine Theatro Brasil Vallourec (av. Amazonas, 315, centro)
Quanto. R$ 50 (inteira)