Nomeado na última quinta-feira, 14, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal Edson Santos (PT/RJ) assume a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) em substituição à ex-ministra Matilde Ribeiro, exonerada do cargo após o escândalo dos cartões corporativos. O novo ministro será empossado hoje, às 11h30, em cerimônia no Palácio do Planalto.

Candidato negro com a maior votação nas eleições de 2006 para deputado federal, Edson Santos assume a pasta promovendo a manutenção das ações e programas da secretaria. "A idéia é dar continuidade nos projetos da Seppir, embora iremos atuar no sentido de dar um toque mais pessoal na secretaria. A longo prazo, é difícil afirmar com precisão as mudanças que poderão ocorrer na casa. Porém, a ação vai se dar a partir do momento em que tivermos pleno conhecimento do trabalho executado", afirma Santos.

Segundo ele, o foco agora volta-se para dois importantes programas da agenda da secretaria: a questão quilombola e o Estatuto da Igualdade Racial. "A agenda quilombola é uma de nossas prioridades. É uma questão que precisa ser tocada com muita seriedade, pois envolve a vida de milhares de famílias. A questão do estatuto também é de fundamental importância. A intenção é dar à sociedade a possibilidade de discutir algo que era antes tratado como hegemônico, pois acreditava-se existir uma perfeita democracia racial no Brasil. A partir dos anos 1970, a questão ficou mais evidente, desmontando a crença nessa perfeita democracia. Portanto, com o estatuto, poderemos adotar medidas para promover a igualdade", diz.

Luta social

Apesar de não ter no movimento negro sua base política, o novo ministro não acredita que encontrará resistências para desenvolver sua gestão. "Minha origem parte da luta social no Rio de Janeiro. Mas sempre estive muito próximo do movimento negro, atuando em diversos projetos".

Na nova gestão da Seppir, o ministro afirma que tratará com mais atenção assuntos relacionados à desigualdade de outras minorias. "Há uma ênfase maior por conta do peso da população negra no nosso país e pela falta de tratamento nessa questão. Mas há a necessidade de tratar de assuntos que envolvam judeus, palestinos, indígenas, no sentido de promover a igualdade de todos", destaca Santos.

Ele diz que o Brasil vem conquistando importantes metas na promoção da igualdade racial. "A sociedade brasileira avançou muito. As cotas universitárias, por exemplo, são elementos de avanço. É preciso ter em mente que a temática racial não é apenas dos negros, mas de toda a sociedade. Portanto, no momento em que assumirmos essa posição, tenho certeza de que vamos avançar".