Raro ver por aqui um filme infantojuvenil que não seja americano ou nacional. Ter o longa alemão “A Pequena Travessa” em cartaz no país é bem interessante para o espectador lembrar que criança não precisa de superprodução, de narrativas permeadas de luzes coloridas, batalhas barulhentas... Criança só precisa de um pouco de fantasia, uma história divertida e personagens com os quais consiga se relacionar.
“A Pequena Travessa” tem tudo isso. E mais: a simplicidade de trama, de piadas, de figurino. No longa, a menina Lili tem o dom de falar com animais, e isso sempre a coloca em confusão. Ela sofre bullying, não consegue fazer amigos por ser diferentona, e os pais são sempre obrigados a se mudar de cidade.
Quando chegam a uma nova localidade, Lili promete que não vai mais conversar com os bichos, mas, logo no primeiro dia de escola nova, a tarefa é ajudar a organizar o parque local que acolhe bichos e vai reabrir. O problema é que alguém está roubando os animais, e Lili recebe pedidos de ajuda. Claro que confusões recomeçam.
Desta vez, porém, em vez de fugir, Lili vai tentar unir a turma para conter a vilã, uma perua que vendeu os animais para uma mulher que adora quitutes exóticos, como croquete de pinguim e biscoito de tartaruga.
É uma grata surpresa encontrar um filme infantil sem príncipes e princesas, acessórios tecnológicos e astros adolescentes. É um filme que fala de amizade, respeito, companheirismo e relacionamento entre pais e filhos, mas sem lições de moral. A trilha sonora também é variada e termina num hip-hop nada produzido, numa festa simplória numa fazendinha decorada com bandeirinhas. E só.
“A Pequena Travessa” não tem o apelo dos grandes estúdios, não vai ter uma superbilheteria, mas é, certamente, um programão para as férias da criançada.
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