Show

Humberto Gessinger se apresenta em BH com sucessos como “Infinita Highway”

Repertório é baseado no DVD “A Revolta dos Dândis 30 Anos: Ao Vivo Pra Caramba”

Sáb, 13/07/19 - 03h00
Em outubro, Humberto Gessinger lança o seu novo disco de inéditas | Foto: Daryan Dornelles/Divulgação

Na música “O Estrangeiro” (1989), de Caetano Veloso, o próprio título repete o nome da mais célebre obra de Albert Camus. Já no terceiro verso da letra, Caetano diz: “O antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a baía de Guanabara”. O que nem todo mundo sabe é que dois anos antes, ao lançar “A Revolta dos Dândis”, segundo disco da carreira dos Engenheiros do Hawaii, o grupo foi acusado de ser elitista pelo uso de referências a Camus e a Jean-Paul Sartre. 

Indagado pela imprensa, o vocalista Humberto Gessinger, 55, respondeu: “A obra aberta possibilita que uma música seja entendida em todos os níveis. Os Titãs conseguem isso. Caetano, o mais genial de todos, não consegue. Para agradar a crítica, eu citaria Levi Strauss na baía de Guanabara”. 

“Esse disco começou a focar com mais nitidez a nossa onda, o que a gente tinha a acrescentar ao cenário do pop rock brasileiro, mas teve uma recepção fria por parte da crítica, a gravadora esperava mais”, admite Gessinger. Trinta anos depois, o álbum tornou-se um clássico, tanto que Gessinger começou a comemorá-lo em 2017, com a turnê “A Revolta dos Dândis 30 Anos: Ao Vivo Pra Caramba”, que resultou no DVD homônimo. 

É com esse espetáculo que Gessinger aporta neste sábado (13) em Belo Horizonte, a bordo de hits do porte de “Infinita Highway”, “Terra de Gigantes”, “Refrão de Bolero” e a faixa-título, que é dividida em duas partes. “Mesmo sem tocar muito nas rádios, as músicas desse trabalho foram ganhando o coração das pessoas. É um disco que teve uma vida longa, apesar do início lento”, aponta. 

Na opinião de Gessinger, a permanência dessas canções têm a ver com o discurso. “São músicas muito pessoais, que abordam temas com os quais toda geração se debate. Em algum momento da vida a gente se sente ‘um estrangeiro, passageiro de algum trem’. Essa sensação de estranhamento e não pertencimento é recorrente”, garante ele, que volta a se valer das próprias criações para confirmar a tese. “A ideia da estrada como metáfora da nossa existência, que aparece em ‘Infinita Highway’, também não envelhece; assim como o desabafo de ‘Terra de Gigantes’ para uma mãe metafórica”. 

Além de enfileirar canções conhecidas, Gessinger, como de hábito, resolveu incluir novidades no roteiro, entre elas “Das Tripas Coração”, “Saudade Zero”, “Pra Caramba” e “Cadê?”, todas feitas nos últimos dois anos e que devem compor o próximo disco de inéditas do cantor, previsto para outubro. 

Das 11 faixas, oito foram registradas por um power trio elétrico formado por baixo, guitarra e bateria, enquanto as outras três receberam arranjos de um trio acústico, com viola caipira, contrabaixo e acordeom. “Ainda estou pensando no batismo desse disco”, diz. Capaz de tocar baixo, guitarra, piano, gaita, violão e acordeom, o músico pode ser descrito como multi-instrumentista. Apesar do virtuosismo, ele conta que se identifica, principalmente, como letrista. 

“Entendo que a minha música depende muito da palavra, assim como o meu texto depende muito do ritmo. Existe uma zona cinzenta onde a palavra e a música se encontram na minha obra”, afiança ele, que já publicou cinco livros. Transitar por vários territórios, por sinal, é algo que sempre o interessou. “Não sou purista. O rock te permite ser visceral e ter refinamento, é música para a cabeça e o corpo”, finaliza. 

Serviço

Show de Humberto Gessinger, neste sábado (13), às 22h, no Km de Vantagens Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro). De R$ 60 (meia) a R$ 140 (inteira). 

Assista ao videoclipe da nova música de Humberto Gessinger:

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