Estreia amanhã, às 21h, no canal Sony brasileiro, o quarto drama da “Midas” Shonda Rhimes (“Grey’s Anatomy”, “Scandal” e “How to Get Away with Murder”). “The Catch” é centrado na investigadora particular Alice Vaughan (Mireille Enos), que tinha uma vida boa e estava prestes a se casar com o namorado perfeito, Christopher Hall (Peter Krause). Até que ele rouba todas as economias da sua vida – além de segredos dos seus principais clientes –, e desaparece sem deixar pistas.

A música estabelece o ritmo “velocidade da luz” de Shonda Rhimes, com diálogos tão rápidos que, mesmo com legenda, o espectador é compelido a clicar “pausa” para entender direito o que está acontecendo – fiel ao estilo de suas outras séries. A edição acompanha, ao dividir a tela e mostrar mais de uma cena ao mesmo tempo, duplicando o efeito de ação non-stop até nas sequências em câmera lenta.

Mireille Enos, que ficou conhecida como a policial sombria e deprimida de “The Killing”, está irreconhecível. Maquiada e sorrindo, ela dá uma pirueta e deixa para trás o jeitão duro de Robocop do papel anterior. “Eu nunca sou convidada para fazer a heroína bonita”, disse Mireille à revista “Variety”, rindo. Mas deu certo. Como protagonista, ela convence e é até divertida. Fora o fato de que pratica artes marciais, age como sua própria dublê e, segundo o pessoal da produção, corre de salto alto como ninguém.

Peter Krause, por sua vez, é perfeito. Suave e charmoso, leva o espectador a torcer tanto para que ele se dê bem quanto para que a noiva traída o pegue. O que falta é a química entre os dois. Alice parece muito mais enganada do que seduzida, e essa é uma mudança de tom que deixa “The Catch” morna, pelo menos no piloto, e pode impedir que a série encontre a força sexual tão presente nos outros títulos de Shonda Rhimes.

Nos episódios subsequentes, a narrativa é quebrada em três partes – o caso da semana da firma de investigação de Alice Vaughan e sua sócia Valerie Anderson (Rose Rollins), a jogada da vez do trapaceiro, sua namorada e seu comparsa, e a história de amor entre o casal principal. É a fórmula clássica de isca e anzol que (quase sempre) dá tão certo.

O espectador sabe, mas a protagonista não, que o vagabundo que lhe roubou US$ 1,4 milhão hesita quando recebe a ordem de terminar o noivado e sumir. Depois de passar um ano mergulhado no personagem, Ben aparentemente havia mesmo se transformado em Christopher, que nada mais quer do que casar com a detetive. Só que seus companheiros cuidam para que ele desvista à força a persona criada, deixando claro que o benfeitor misterioso dos bandidos espera resultado e pagamento.

Quando a investigadora liga os pontos e entende que Mister X, o bandidão que sua equipe procurava há nove meses, era seu próprio noivo, está dada a largada: é um “prenda-me se for capaz” atrás do outro. Funciona nos primeiros episódios, embora às vezes o conjunto da obra seja meio “nem lá, nem cá”, com buracos que desafiam a racionalidade. A detetive foi traída e roubada, mas não tem tempo de chorar. Tem que se enfiar logo no próximo vestido de grife para outra missão impossível. Resta saber até quando o espectador ficará preso no jogo de gato e rato como seus dois protagonistas.

Audiência

Mais ou menos. Estreia de “The Catch” teve 1,2 milhão de espectadores de 18 a 49 anos, e 5,8 milhões no total: 14,3% abaixo de “How to Get Away With Murder”, que ocupava o horário até a semana anterior nos EUA.