Crítica

O poder da sutileza

Acreditando no poder de sua história, a atriz narra calmamente episódios definidores em sua vida e comove o público que se fez presente na noite desta quinta-feira

Qui, 20/09/18 - 21h57
Cena do espetáculo 'Eve' | Foto: David Monteith-Hodge

No palco, uma senhora de voz mansa. Ao fundo, uma tela projeta fotos de seu arquivo pessoal, que permite ao público entender a trajetória de Jo Clifford, dramaturga e atriz escocesa que, aos 68 anos, já escreveu mais de 90 peças de teatro. 

Jo é dona de uma história repleta de riquezas, que incluem um casamento longo de 33 anos com Susie, mãe de suas duas filhas, e também a relação nostálgica com sua mãe, que morreu tragicamente quando ela tinha apenas 12 anos. Sem falar no longo processo de transformação do masculino para o feminino – Jo é uma artista trans. 

Acreditando no poder de sua história, a atriz narra calmamente episódios definidores em sua vida e comove o público que se fez presente na noite desta quinta-feira (20), no Teatro Marília, na capital, para assistir ao espetáculo “Eve”, dentro da programação do FIT-BH.

Infelizmente, as legendas situadas acima do palco obrigavam o espectador a fazer ginástica com o pescoço para ver a narrativa de Jo Clifford. Mas não haveria outra forma de acompanhar a história da atriz que é basicamente contada oralmente.

Às vezes, uma trilha sonora de fundo força a barra para criar climas mais densos e tristonhos, mas nem a emoção compulsória com um que meio piegas chega a afastar a plateia. Pelo contrário, com simplicidade e sutileza, “Eve” é um tratado para pensar as relações humanas nesse mundo.

Os episódios de partida de pessoas amadas nos faz refletir sobre nós mesmos e como estamos nesse mundo de passagem. 

No Teatro Marília lotado, algumas pessoas se dispuseram a acompanhar a história do mezanino, que desde a última reforma do espaço, não tem mais cadeiras.

Jo Clifford fará a segunda apresentação de “Eve” nesta sexta-feira (21), no Teatro Marília, as 19h. A expectativa é de casa lotada. Para aqueles que não desejam perder a oportunidade de ver essa artista em ação, vale chegar mais cedo e torcer para que seja possível entrar no teatro.

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