Brincadeira

O que fazer com as crianças na quarentena: dez opções online para os pequenos

Páginas e perfis especializados ensinam criações com a mão na massa, com oficinas que estimulam ações no estilo 'faça você mesmo'; veja lista

Dom, 17/05/20 - 03h03
Se não é fácil para os adultos ter que, de repente, ficar semanas e semanas trancados em casa, imagine para as crianças. A pergunta para quem tem filhos pequenos é o que fazer nestes tempos de quarentena provocada pelo coronavírus.
 
Se no início, não precisar ir à escola todos os dias podia até parecer divertido, agora muitos já começam a sentir falta de frequentar o playground, o clube, a casa dos amigos, as festas de aniversário e a casa dos avós. Por isso, a preocupação dos pais com que os os filhos passem muito tempos na frente da televisão e do celular, ironicamente, passou a ser a solução durante este período de isolamento social. 
 
No YouTube, canais especializados ensinam pais e filhos a colocarem a mão na massa em atividades lúdicas longe das telas. No Instagram, tem contação de história, apresentações musicais e até peças de teatro. Pensando em ajudar os pais, que muitas vezes estão de home office e precisam distrair os pequenos enquanto trabalham, O Tempo separou algumas dicas e ouviu especialistas no assunto para ajudar nas brincadeiras. 
 
Mãos a obra
Nome forte do cancioneiro infantil, a dupla Palavra Cantada acredita que estimular os pequenos a ajudar nas tarefas de casa, além de fazer coisas que ainda não sabem, como cozinhar junto aos pais e arrumar as camas, pode ser tarefa para esse tempo dentro de casa. 
 
Sandra Peres e Paulo Tatit, que estão sempre nas redes sociais, ensinando como tocar violão ou apresentando alguns de seus sucessos, também planejam criar um curso online de criação musical. 
 
Para a sorte dos pais, no canal Palavra Cantada Oficial, além dos clipes com as músicas do grupo, há um vídeo em que a dupla mostra para as crianças como lavar as mãos ao som de uma trilha sonora que se tornou símbolo da prevenção contra o coronavírus. "Os pais deveriam colocar limites e sempre observar o que as crianças estão assistindo. Mas está um momento muito difícil e boas programações podem ajudar a ter um pouco de paz em casa", avalia Paulo.
 
E Sandra completa: "Às vezes a criança é pequena, mas é importante mesmo assim que ela entenda no que é possível ela ajudar. Pode ser arrumar a cama, regar uma plantinha, ajudar a fazer a lista do supermercado, colocar a toalha de banho para secar, enfim pequenos gestos colaborativos, que na verdade as crianças sempre deveriam ser estimuladas pelos adultos a terem. Este é um grande momento para descobertas. Mas é preciso paciência também", afirma. 
 
 
Quem também planeja lançar um áudio livro em breve é o grupo Pequeno Cidadão. Com vídeos diários em suas redes sociais em que os próprios fãs mirins e filhos de amigos da banda ensinam alguma nova lição sobre o coronavírus, a banda tem feito também algumas lives. "Vão ser dez histórias com diferente temáticas, esporte, ficção científica, meio ambiente. A melhor coisa na quarentena é ficar com a família e é uma oportunidade de todos, até os mais velhos, apreenderem com os filhos como usar várias ferramentas online. Todos precisamos aprender. É legal também usar esse tempo para tomar um sol, arrumar um canto na casa para isso. Aproveitem o tempo com os filhos, porque muitas vezes não vemos a importância a graça disso", pontua Taciana Barros.
 
 
Dança
Com a incerteza de quando a rotina voltará ao normal, as crianças também têm sentindo mudanças no padrão de sono. Além de ter um rotina, especialistas garantem que é preciso sim continuar realizado atividade físicas com os pequenos. 
 
Sempre às quartas-feiras e aos domingos, às 11h, o Itaú Cultural promove em seu site (www.itaucultural.org.br) aulas de dança para crianças. A arte-educadora e pesquisadora Flora Gussonato se dedica à primeira infância, até os 6 anos, enquanto o professor e corógrafo Renato Cruz produz conteúdos para crianças a partir dos 7 anos. Eles conduzem o público mirim em práticas iniciáticas de dança, compostas por exercícios de aquecimento, alongamento, passos básicos, sequências técnicas e alguns jogos para experimentação do movimento corporal e assimilação dos conteúdos.
 
"As crianças estão com o movimento restrito, elas têm muita energia que precisa ser canalizada, é energia reprimida que precisa circular. Por isso é muito importante exercitar, brincar, correr e dá para fazer isso até para quem mora em apartamento, arrastar o sofá ou a mesa, para tudo tem um jeito. É importante que a atividade física seja um hábito", explica a arte-educadora, Flora Gussonato. 
 
 
Arte
Fundado em 1986 por Luíza de Azevedo Meyer, o Museu dos Brinquedos, em Belo Horizonte, passou mais de dez anos realizando exposições itinerantes em shoppings e galerias. Foi em 2006 que ganhou um espaço próprio e passou a “habitar” a casa tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na Avenida Afonso Pena. Mas atualmente fechado por conta da pandemia do coronavírus, o local continua realizando contação de histórias, exercícios de meditação para os pequenos e ensinando várias brincadeiras, entre como criar sua própria boneca e carrinho. Todas as atividades acontece no canal do youtube do Museu dos Brinquedos.
 
"Estamos fechados desde o dia 18 de março, mas mesmo assim nos organizamos estar presente na casa das pessoas com as crianças e suas famílias. É missão do museu fortalecer e valorizar a infância e os laços afetivos dentro da família, despertando os valores humanos. São brincadeiras e atividades que promovem e estimulam a criatividade, o faz de conta. A criança ter contato com sensações positivas através das brincadeiras, experimentar a troca, a comunhão e a união é ainda mais importante nesse momento de quarentena", afirma Tatiana Azevedo, diretora do Museu dos Brinquedos. 
 
 
Exemplos
Estéfi Machado é designer, crafiteira, cenógrafa, fotógrafa, escritora e autora de um blog que há 8 anos compartilha ideias de brincadeiras entre adultos e crianças para inspirar os pais a se conectarem com os filhos. A carioca é mãe do Teo, de 12 anos, e acredita que brincar pode “salvar o mundo".
 
 
Nas suas redes sociais, Estéfi compartilha atividades simples usando materiais que facilmente estão à mão, como tesoura, estilete, fita crepe, cola, papel e papelão, pratinhos e copinhos de papel. Com abordagem didática e lúdica, a designer criou um guia chamado Kit de sobrevivência para uma quarentena brincante, em que seleciona 40 brincadeiras criadas por ela para fazer com as crianças em casa nesse período de coronavírus. 
 
 
Na lista divertida, tem dicas de distração no estilo faça você mesmo. Entre elas: animais feitos de pregadores de roupa, bichos-preguiça de papelão, bonecos na colher descartável, teatro de sombras, microscópio feito com recipiente de amaciante de roupas e tubo de papelão. 
 
"Não é fácil para ninguém, ninguém estava esperando. Mas não dá para dizer que estamos passando mal, de certa forma temos uma casa e podemos trabalhar a distância, tenho saúde e tenho o que comer, não dá para reclamar. A minha dificuldade como mãe é que meu filho não tem irmãos e ele sente falta dos amigos, mas de resto eu trabalho com essas brincadeiras. Faço isso com ele desde quando ele era menor. É importante os adultos reaprenderem as brincar também. Você não precisa entreter a criança o tempo todo, não precisa de mil atividades, mas é importante que você pare e esteja com ele e brinque pelo menos um pouco, quando a criança te chama para brincar ela está te chamando para conversar", destaca. 
 
 
Para quem tem interesse em conhecer o trabalho, pode acessar o perfil de Estéfi no Instagram, @blog.estefi.machado.
 
Pais de crianças precisam de "jogo de cintura" pra evitar uso exagerado de eletrônicos na quarentena
 
É claro que estamos todos tristes, chateados, angustiados e irritados com esse isolamento imposto pelo coronavírus, e não é diferente com crianças e adolescentes. Mas durante a quarentena, a questão da interação entre crianças e telas tem sido recorrente nas recomendações sobre uma educação infantil mais equilibrada. Sensível sobretudo dentre os pequenos do período da primeira infância (0 a 7 anos), o contato com celulares, tablets, dentre outros dispositivos tecnológicos, é encarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com muita restrição. A entidade não recomenda nenhuma interação para os bebês de até 2 anos. E para as crianças maiores, a recomendação ainda é de menos de 1 hora por dia.
 
A psicopedagoga e psicanalista, Cristina Silveira, reconhece que a situação da quarentena exige muito "jogo de cintura" dos pais. Ela recomenda que, enquanto a criança estiver diante da tela, é bom que um adulto acompanhe a situação e procure interagir com o filho. 
 
Para a especialista, as crianças, sobretudo as menores, não conseguem entender racionalmente o que ocorre. No entanto, conseguem compreender que vivem uma situação de exceção, diante da maior impaciência dos pais, ou da presença de ambos em casa o dia inteiro. Ela frisa, no entanto, que não há uma receita de bolo ideal para todas as famílias, mas é importante encontrar uma rotina adequada para o tamanho da residência e favorável à interação entre as crianças e os pais.
 
"Tudo é online agora, a aula é online, o inglês também, a aula de violão, existe sim um excesso de tela, e é preciso equilibrar e propor coisas que fujam um pouco, jogos de tabuleiros e leituras, por exemplo. O uso excessivo de telas pode antecipar alguns problemas como Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), a criança pode ficar mais agressiva. Vivemos uma situação atípica, então também é importante que a saúde dos pais estejam bem também, a criança percebe e isso influencia", explica a especialista.
 
Confira ainda outras ficas do que fazer com os pequenos em casa: 

1.Música com os pequenos
Neste domingo (17), Jair Oliveira e Tania Khalill irão apresentar o projeto "Grandes Pequeninos", que já foi indicado o Grammy Latino 2009 na categoria melhor álbum infantil, às 16h, pelo Instagram (@diversaoemcena), Facebook. (Facebook.com/DiversaoEmCena) e YouTube (@diversaoemcenaonline). A apresentação musical aborda o universo mágico dos primeiros momentos do bebê e de sua convivência com a família. São canções do banho, da amamentação, da hora de brincar, de ficar com os avós, de dormir, de passear, entre outras. 

                          
2. Discovery Kids
O site Discovery Kids Plus (discoverykidsplus.com.br) reúne vídeos, livros digitais e games relacionados aos desenhos exibidos no canal. As crianças também podem participar de atividades educativas como jogo dos sete erros e quebra-cabeça. Peppa Pig, Mr. Magoo, Angry Birds e George, o Curioso estão entre os personagens que protagonizam os conteúdos.

3. YouTube Kids

Com o YouTube Kids, os pais podem deixar os filhos navegarem no portal de vídeos sem maiores preocupações. Isso porque, além de fornecer apenas conteúdos infantis, a versão para crianças do YouTube permite que os responsáveis personalizem o catálogo e bloqueiem vídeos que não consideram apropriados. As preferências do perfil da criança só podem ser alteradas pelos pais mediante a inserção de senha.

- O canal "Mundo Gloob", no Youtube, também está publicando a série “Eu conto ou você conta?”.  Todos os sábados, os atores das produções originais, como “Detetives do Prédio Azul”, “Escola de Gênios” e “Bugados” são os responsáveis por dar vida aos personagens de clássicos da literatura nacional e internacional. "O Mágico de Oz", "A Lebre e a Tartaruga", "Sítio do Picapau Amarelo", "Pinóquio" e "Peter Pan" estão entre as dez obras selecionadas. 

- Já está disponível gratuitamente no Youtube, Instagram e Facebook a primeira temporada da nova série de animações Blockos.tv. Com cinco episódios, a série conta a história de um grupo de amigos geométricos com formatos diferentes, habilidades e talentos únicos que vivem em um brinquedo onde cada um tem seu encaixe perfeito. Juntos eles exploram o mundo a sua volta e encaram diferentes situações, novidades e descobertas. Todas as músicas e animações são originais e foram elaboradas por um time multidisciplinar para estimular e desenvolver habilidades importantes para uma infância saudável e feliz.

- Hello Kitty & Amigos: a gatinha mais fofinha de todos os tempos estreou uma nova série de animação que pode ser conferida neste canal do YouTube. Na história, Hello Kitty é a apresentadora de um reality show de gastronomia e seus amigos – o gatinho Chococat, o sapo Keroppi e a pinguim Badtz-Marusão –  são os competidores. Descubra quais receitas deliciosas eles vão preparar. 

4. Espaço de Leitura

O Espaço de Leitura (espacodeleitura.labedu.org.br) é muito mais do que um ambiente para o consumo de histórias infantis. Além dos contos, a plataforma disponibiliza uma série de recursos para enriquecer a aprendizagem das crianças no que diz respeito à aquisição e ao desenvolvimento da linguagem. É possível, por exemplo, alternar entre diferentes formas de leitura e brincar com jogos que trabalham os conteúdos abordados nas narrativas. Embora a criança possa navegar pelo Espaço de Leitura sozinha, o site fornece orientações para que os pais saibam como aprimorar a experiência de aprendizagem dos filhos.

5. Atividades de colorir online
Atividades de colorir são ótimas para relaxar tanto adultos quanto crianças. Na falta de giz de cera para entreter os pequenos, o mouse pode quebrar um galho. Sites como Colorir Online (colorir-online.com) permitem que as crianças pintem desenhos com animais, castelos, piratas, princesas e muitos outros temas. Se desejar, o responsável pode imprimir a arte.

6. Quick Draw
Espécie de "Paint inteligente" do Google, o site Quick Draw permite testar as habilidades das crianças com desenhos. A ferramenta estipula 20 segundos para você desenhar um objeto simples, enquanto uma rede neural tenta adivinhar o que você está rabiscando. Além de divertida, a ferramenta pode ajudar a trabalhar a noção espacial e o controle motor das crianças.

7. Contação de histórias no Instagram
Existem perfis no Instagram que são dedicados à contação de histórias infantis. A atividade, que pode ser assistida por pais e filhos, entretém ao mesmo tempo em que ajuda a transmitir valores e desenvolver o gosto pela leitura. Alguns dos perfis que contam histórias diariamente em seus perfis são @fafaconta, @maequele, @carollevy, @marinabastoshistorias, @ @camila.genaro, @kgianne e @samaracontadora. 

8. Teatro online
Para derreter os corações dos pequenos – e das mães e pais -, Fernando Anitelli realiza lives no Instagram @oteatromagico diariamente, às 11h. A ideia é preencher os dias com muita poesia e positividade, ajudando todo mundo a enfrentar a barra do coronavírus de um jeito mais leve.

9. Podcasts para crianças
- “Coisa de Criança”: a ideia é explicar como as coisas funcionam de um jeito bem divertido. A primeira temporada abordou os fenômenos da natureza, como raios e trovões. E quem comanda o podcast são as próprias crianças.

- “Histórias de Ninar Para Garotas Rebeldes”: as escritoras Elena Favilli e Francesca Cavallo se dedicam a missão de contar a história de mulheres inspiradoras como Frida Kahlo, Harriet Tubman. As narrações são feitas por Jout Jout e a Daniela Mercury. 

- “E se…Podcast”: dedicado a responder dúvidas incomuns, como “e se os dragões existissem”?, o podcast é feito por Bruno, de 8 anos,  e a Luiza, de 5 anos.

10. Literatura
- Stories Audible: esse período de isolamento pode ser ótimo para treinar novos idiomas. Por isso, a Stories Audible disponibilizou diversos audiolivros infantis com contos em seis idiomas. São histórias em inglês, francês, alemão, espanhol, italiano e japonês que podem ser transmitidas pelo desktop, notebook, celular ou até mesmo o tablet. É só escolher a favorita e apertar o play.

- Auti Books: a editora disponibilizou audiolivros gratuitamente para a criançada. Entre as opções estão “Ali Babá e os 40 ladrões”, “O Pequeno Polegar” e “Pinóquio”. 

- DarkSide: semanalmente, a editora DarkSide, conhecida por suas obras sombrias, libera atividades gratuitas para as crianças se divertirem nesses dias de isolamento social.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.