Cinema

“Suprema” minimiza luta, mas mostra heroína do mundo real

Filme, que estreia hoje, conta história de uma das primeiras mulheres à chegar à Suprema Corte dos EUA

Qui, 14/03/19 - 03h00
Felicity Jones em cena de "Suprema" | Foto: Diamond Filmes/Divulgação

A exibição do longa “Suprema” para a imprensa de Belo Horizonte foi marcada na data certa: 8 de março. Em um dia em que mulheres do mundo todo batalhavam por seus direitos, mostrar um filme que escancara o machismo da sociedade é um trunfo. “Suprema”, que estreia hoje nos cinemas, mostra a trajetória de Ruth Bader Ginsburg, uma mulher que enfrentou preconceitos de gênero até chegar à Suprema Corte dos Estados Unidos, em 1993, aos 60 anos, indicada pelo então presidente Bill Clinton. 

A conquista profissional já seria um feito admirável. No entanto, mais do que chegar à mais alta instância da Justiça americana, Ruth conseguiu, a partir de suas batalhas pela igualdade de gênero, abrir precedentes para invalidar muitas leis da Constituição Americana que faziam distinções absurdas entre os sexos.

A cinebiografia é dirigida por Mimi Leder, de “A Corrente do Bem”. Então, o que se vê na tela, é uma espécie de conto de fadas adaptado pela Disney. O longa tira todos os detalhes mais pesados da história – que existem nos contos originais dos Irmãos Grimm ou de Hans Christian Andersen – e transforma Ruth numa espécie de Mulan. 

Apesar dessa manobra, que minimiza um pouco a luta de Ruth, focando as dificuldades que a “dona de casa” encontrou para conseguir defender seu primeiro caso, mas pulando partes importantes da biografia desta mulher, o filme dialoga muito bem com o público e acerta ao mostrar Ruth como uma heroína do mundo real.

O filme começa mostrando Ruth durante a faculdade de Direito. Já casada e com uma filha bebê, ela tem de estudar por dois. A cineasta acerta ao focar aqui algumas dificuldades das mulheres em geral numa instituição (Harvard) e num curso que era composto por homens.

Após se formar, enquanto o marido trabalhava em um grande escritório de Nova York, Ruth, penava para arrumar um emprego por ser mulher. A partir daí, Ruth começa a questionar os direitos das mulheres e, mais especificamente, a Constituição dos Estados Unidos, que tem mais de 170 leis baseadas na distinção entre os sexos. Quando seu marido lhe apresenta um caso de discriminação contra um homem, Ruth vê a chance de abrir precedentes para batalhar, nos tribunais, por uma maior igualdade legal entre os sexos.

“Suprema” pode não ser um filme genial, mas seu tema é relevante para a sociedade. Afinal, a igualdade entre gêneros ainda está longe de ser uma realidade. 

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