Apesar de ser conhecido por sua verve de sambista, o mineiro Dé Lucas acha que o desígnio soa pretensioso demais para falar de sua atuação de quase duas décadas junto ao samba. Ele prefere se colocar como um compositor que transita livremente por vários estilos da música brasileira, sem se apegar aos rótulos do que ele é ou não é. O público poderá conferir os ritmos que perpassam a carreira de Lucas, sábado (27), no Mercado Central, com entrada gratuita.

“Acho que ainda estou maturando para me tornar um sambista. Apesar de nunca ter tido essa ideia de me tornar algo, eu não gosto de ser intitulado. Me interessa mais a composição, a variedade de sons que eu tenho produzido e recebido. O sambista precisa criar uma crosta mais rígida e mais rica, precisa de andar mais”, pondera Lucas. Assim sendo, acompanhado por Pablo Dias, no cavaco, e Everton Coroné, no acordeon, ele propõe um passeio pela música brasileira com bossas, forrós, xotes e sambas.

Lucas é um dos muitos músicos e compositores que encontravam no Quintal da Divina Luz – espaço dedicado ao samba no bairro São Marcos – para colocar suas músicas na roda e estabelecer parcerias com uma geração de compositores da cidade. “O Quintal foi um grande trampolim para outras pessoas, se descobrirem, se encontrarem. Assim, você vai aguçando as pessoas a colocarem suas coisas. Não que a gente tenha criado um movimento de samba, porque o movimento é eterno. Ele é de acordo com a vida. Mas foi um palco que revelou para a cidade muita gente boa, por isso o samba não morre jamais: tem sempre gente pensando e buscando seu espaço”, destaca.

Lucas acumula parcerias com músicos importantes e integrou também integrou os grupos Favela, Samba da Madrugada, Eldorado Samba Show, Fina Flor e Liberdade e é um dos fundadores do grupo Na Cadência do Samba.

O show deste sábado é a oportunidade, segundo Lucas, para chegar a um público que pouco conhece o forte movimento de sambistas autorais da cidade. “Tem muita gente que ainda não sabe que Minas tem samba de qualidade. Nós nem precisamos falar de outros gêneros, porque o estado é famoso pelo Clube da Esquina, pelo rock, mas o público de samba aionda é meio tímido”, destaca o compositor. Ele também destaca a oportunidade de tocar no Mercado Central: “É importante fazer música no mercado tão cosmopolita como o Mercado Central. É mais um palco que a arte ganha”, ressalta.

Serviço

Show de Dé Lucas com Pablo Dias e Everton Coroné, sábado (27), às 18h30, no Mercado Central (avenida Augusto de Lima, 744, centro). Entrada gratuita.