Em sua 22ª edição, o Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte (Forumdoc.BH.2018) vai exibir 65 filmes nacionais e internacionais, além de abrir espaço para debates, com sessões comentadas e um seminário sobre o cinema brasileiro e seu retrato das religiões de origem africana. Na abertura, amanhã, no Cine Humberto Mauro, serão exibidos o longa “Orí”, de Raquel Gerber, e o curta “Abá”, de Raquel e Cristina Amaral. A sessão será comentada pelas realizadoras e por Makota Valdina, que luta pela liberdade das religiões de matriz africana.
O evento deste ano está dividido em três mostras: Brasileira, Internacional e Ebó Ejé: Cinema Brasileiro e Afrorreligiões. A mostra Brasileira traz 23 filmes realizados em 2017 e 2018. São obras que levam o espectador a refletir sobre a sociedade. Entre os títulos, destaque para “Auto de Resistência”, documentário de Natasha Neri e Lula Carvalho sobre a violência policial no Rio (veja abaixo); e “Conte Isso Àqueles que Dizem que Fomos Derrotados”, curta de Aiano Bemfica, Camila Bastos, Cristiano Araújo e Pedro Maia de Brito, que acompanha o início da ocupação de um terreno abandonado e venceu a 51ª edição do Festival de Brasília.
Já a mostra Internacional reúne 12 títulos que revelam o cinema sob diferentes ângulos, não só geográfico, mas também na questão da forma. “É uma seleção diferente dos anos anteriores, pois usamos outra metodologia”, explica a curadora Carla Italiano. “Em vez de abrir inscrições, fizemos pesquisa para trazer obras com esse recorte etnográfico”.
Na tela estão filmes como “Gens du Lac” (“Gente do Lago”), novo curta do francês Jean-Marie Straub; “Kinshasa Makambo”, documentário de Dieudo Hamadi que retrata a luta por eleições livres na República Democrática do Congo; e “Espécies Selvagens” (“Wild Relatives”), da palestina Jumana Manna.
Refletir o retrato das religiões de matriz africana no cinema moderno e contemporâneo é a proposta da mostra Ebó-Ejé. “A representação das religiões africanas atravessa a história do cinema brasileiro”, diz o diretor e curador Ewerton Belico. “Mais do que discutir o cinema, buscamos compreender a posição da cultura afro na nossa identidade cultural e social”. Belico coloca em cena obras que privilegiam um olhar interior às comunidades de terreiro e a sua pluralidade.
O curador lamenta que algumas obras tenham ficado fora da mostra por dificuldades de encontrá-las em acervo, mas celebra a possibilidade de exibir filmes como “Jubiabá” (1987), de Nelson Pereira dos Santos, cuja sessão será comentada pelo professor Hernani Heffner; “Exu Mangueira” (1974), que terá comentários de seu idealizador Jom Tob Azulay; e “Egungun” (1982), de Carlos Brajsblat, que terá sessão comentada pela líder comunitária Nilsia Lourdes dos Santos.
Haverá ainda sessões especiais, que trarão estreias de obras como o premiado “Temporada”, do cineasta de Contagem André Novais Oliveira, vencedor do 51º Festival de Brasília; “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, premiado no Festival de Cannes e Festival Internacional do Rio em 2018; e os longas ficcionais de três diretores de Belo Horizonte: “Baixo Centro”, de Ewerton Belico, curador da mostra Ebó Ejé, e Samuel Marotta; e “Os Sonâmbulos”, de Tiago Mata Machado. Todas as sessões serão seguidas de debate com seus realizadores.
Destaques
“O Auto de Resistência” (2018), documentário de Natasha Neri e Lula Carvalho, que mostra a violência policial nas comunidades do Rio de Janeiro, ao fazer um levantamento dos casos de abusos de policiais sob alegação de “auto de resistência”, ou legítima defesa. Será?
“Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos” (2018), de João Salaviza e Renée Nader Messora, coprodução entre Brasil e Portugal, premiado no Festival de Cannes e no Festival Internacional do Rio em 2018, mostra o ritual de fim de luto da comunidade indígena Krahô, que vive no Tocantins.
“Temporada” (2018), do cineasta de Contagem André Novais Oliveira, vencedor do 51º Festival de Brasília, acompanha Juliana (Grace Passô), que deixa o marido e o interior de Minas Gerais para morar em Contagem.
Agenda
O quê
Forumdoc.BH.2018.
Quando
De amanhã a 2 de dezembro.
Onde
Cine Humberto Mauro (avenida Afonso Pena, 1.537, centro) e Fafich (UFMG: av. Pres. Antônio Carlos, 6.627, Pampulha).
Quanto
Grátis.