No campo da atuação, um dos nomes de Minas Gerais que mais se destacaram nos últimos anos foi o de Bárbara Colen. Apesar de um início tardio nas artes dramáticas, após fazer faculdade de direito e virar servidora do Ministério Público do Estado, em pouco tempo a sua estrela brilhou em filmes como “Contagem”, “Aquarius”, “Breve Miragem do Sol”, “Bacurau”, “No Coração do Mundo” e “Fogaréu”.

Por isso, não é de se estranhar que, aos 37 anos, com um trabalho tão expressivo, no cinema e na TV, ela ganhe uma homenagem especial na 27ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, com início hoje, na cidade histórica. Ela será reverenciada ao lado do – também mineiro – diretor André Novais Oliveira, com quem trabalhou em vários filmes. Dois nomes que estampam a renovação do audiovisual brasileiro.

“É muito emocionante, porque é o reconhecimento do trabalho. Você leva muito tempo se dedicando a uma coisa, colocando toda a sua energia naquilo. O trabalho é minha vida. Então é muito bom quando se tem uma resposta dessa, ainda mais de um festival como o de Tiradentes, que, artisticamente, é muito relevante. É a comprovação de que as coisas estão acontecendo”, afirma Bárbara, que sempre foi frequentadora assídua da mostra.

Ela destaca que o festival mineiro acompanhou toda a sua carreira artística. O primeiro que participou, com o seu primeiro filme, o curta-metragem “Contagem”, foi justamente na cidade histórica, em 2011. “Depois, passei a ir sempre, é um momento de encontrar os amigos e os realizadores. Tiradentes tem uma coisa bonita, é um dos festivais mais gostosos do mundo”, diz a atriz, que já circulou por eventos prestigiados, como o de Cannes, na França.

“De todos que eu já fui, Tiradentes tem esta característica de estimular o encontro, o diálogo sobre cinema. Além de tudo, ele foi muito importante para a minha vida, tanto profissionalmente quanto afetivamente”, observa. Bárbara não fala da boca para fora, já que há muita afinidade entre o tipo de filme exibido na mostra tiradentina, voltado para a experiência de linguagem, e as produções que ela tem engrossado o elenco.

“Eu sempre busco, como atriz, explorar a liberdade da criação. Acho que é muito importante, quando a gente tem espaço dentro dos projetos, para poder arriscar e propor novas coisas, linguagens e maneiras de fazer. Essa busca minha acaba ressoando e atraindo pessoas que também estão apontando nessa direção. A maneira como direcionamos o nosso trabalho atrai os parceiros que teremos durante a vida”, analisa.

Atriz prepara estreia na direção

Na primeira parte de sua carreira, Bárbara se manteve fiel a parceiros como o pernambucano Kleber Mendonça Filho e os realizadores da produtora Filmes de Plástico, de Belo Horizonte, integrada por André Novais. Sobre os mineiros, ela diz ser uma “parceria do coração”. Foi com eles que Bárbara fez “Contagem”, que não só marcou o primeiro dela como também da dupla Gabriel Martins e Maurílio Martins.

“Nos tornamos muito amigos. Com o André, eu troco muito, a gente se fala bastante sobre projetos, anseios e vontades. É um diretor que admiro muito, porque ele conseguiu criar o novo no cinema, sendo que isso é muito difícil. O cinema dele é uma coisa muito inovadora. E sempre que vejo os filmes dele eu fico muito arrebatada, pela sensibilidade e pela simplicidade”, registra.

Num segundo momento, até pela repercussão de seu trabalho, ela passou a aceitar convites da TV. Em 2021, ela integrou a novela “Quanto Mais Vida, Melhor!”, da Globo. “Foi uma busca direcionada. Eu sempre quis poder transitar por muitas linguagens diferentes. Eu sempre falava que queria experimentar um cinema comercial, uma série comercial. Essa experimentação expande muito a gente como ator. Não acho que sejam excludentes”.

No último ano, ela deu uma pausa na carreira para se dedicar à maternidade, dando à luz o primeiro filho, Karim. Ela brinca, dizendo que nem “foi tanta pausa assim, entendendo que dá para conciliar as coisas”. Tanto é que não declinou do convite para filmar em Cuiabá, num longa de Bruno Bini. E já está pensando em dar outro salto, preparando-se para estrear na direção. “Já estou em conversas com uma produtora para tatear esse lugar. Chega um momento que precisamos contar nossas próprias histórias”, avisa.