Antes mesmo de pensar no cardápio, o chef Caio Soter já sabia o nome que queria para seu primeiro restaurante. "Pacato surgiu há uns dois anos, porque eu sou muito agitado", brinca com a dicotomia. A ideia veio após a admiração de Caio pelo quadro “O Violeiro” (1899), de Almeida Júnior, que mostra uma cena comum dos interiores do país, de um casal à janela de casa, tocando e cantando.
A inquietação de que Caio fala, ao longo dos últimos anos, ainda que pandêmicos, pode ser vista em seus feitos gastronômicos, desde que se firmou como cozinheiro, após largar a profissão de formação, a advocacia. Destaque à frente da cozinha do Alma Chef, assinatura do cardápio e comando do Jardim Restô Bar e uma participação no programa "Mestre do Sabor", da TV Globo, foram alguns dos feitos. Mas faltava o restaurante próprio, que ele conquistou agora com a abertura, ocorrida neste mês, do espaço de apenas 48 lugares em ponto central, mas surpreendentemente calmo, do bairro de Lourdes, em Belo Horizonte.
A ideia, como o nome da casa sugere, é ser um local de desaceleração para os frequentadores. Um lugar de apreciação da culinária. A decoração e a iluminação baixa (quase uma penumbra) vão nesse sentido de criar um clima intimista. A cozinha é aberta, visível do salão.
O cardápio pode ser definido como um dos de vanguarda na capital mineira. Há porco e tutu, rememorando a cozinha de quintal do interior de Minas - apesar de Caio ser nascido e criado na capital -, mas executados de uma maneira única, com apresentação e ingredientes peculiares. O porco, por exemplo, é específico de um fornecedor no Paraná que, Caio explica, não foi fácil encontrar. "A carne é mais adocicada", observa.
A tríade de alimentos – vegetais, porco e frango –, aliás, é a essência de todo o menu. A alta cozinha autoral é apresentada em pratos do enxuto menu a la carte e em um menu-degustação de sete tempos (a R$ 280). "Não se apegue a um prato porque, quando voltar ao restaurante, ele já deve ter sido substituído", brinca o chef, ao reforçar que o cardápio é construído com ingredientes sazonais e, por isso, vai sofrer alterações constantes.
Atualmente, há, por exemplo, no menu-degustação, Telha de Feijão branco, Espuma de tutu, Vinagrete de feijão fradinho e Pó de feijoada, pé de frango desossado e frito, recheado com mousse de fígado, além de creme de milho com jiló defumado e recheado finalizado com pó de quiabo. De doce, suflê de queijo com goiabada e licor de jabuticaba. No a la carte, uma das entradas é a broinha de milho com rabada e pó de agrião (R$ 59). De pratos principais, há lasanha de frango caipira, farofa, cebola queimada e glace (R$ 92), enroladinho de porco, pasta de legumes da horta, taioba, picles de abóbora pescoço em fita e purê de abóbora tostada (R$ 108) e o já citado porco do dia com tutu de feijão e farofa crocante (R$ 96).
A carta de vinhos foi elaborada pelo sommelier Gustavo Giacchero, conhecido por sua atuação no Fasano BH, que também está à frente do serviço de salão.
Pacato
Rua Rio de Janeiro, 2.735, Lourdes. Reservas pelo site (clique aqui)