Na manhã dessa terça (7), a Band promoveu uma entrevista coletiva para lançar a nova fase do “MasterChef”. Com transmissão pelo YouTube, a apresentadora Ana Paula Padrão, os jurados Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella e a diretora Marisa Mestiço responderam a perguntas de jornalistas de todo o Brasil. E deram detalhes de como será a sétima temporada do reality (ou a 12ª, se contarmos os spin-offs), que estreia no dia 15 de julho.
Para começar, não haverá mais um masterchef: haverá vários. Cada um dos episódios será fechado em si mesmo, com oito candidatos participando de uma prova e disputando um prêmio de R$ 5.000 (a mesma quantia será doada a uma instituição beneficente). Na semana seguinte, outra prova, outros participantes, outro vencedor.
Por causa da necessidade de se manter o distanciamento, também não haverá mais provas em grupo, só individuais. As receitas também estão mais corriqueiras, com pratos mais populares e muitos ingredientes que o espectador já tem em casa. “O programa está mais parecido com o Brasil de hoje”, disse a diretora Marisa Mestiço. “Todo mundo está mais preocupado, mais solidário, mais coletivo”.
Há anos o “MasterChef” é a maior audiência da Band, e o faturamento da emissora não poderia mais ficar muito tempo sem seu carro-chefe. Por isso, é natural que os responsáveis pelo programa tenham praticamente desenvolvido um novo formato, bastante diferente da competição original.
O “MasterChef”, claro, não é o único caso. Em todos os canais, os programas de variedades estão buscando formas de voltar ao ar, mesmo com o Brasil ainda vivendo o que parece ser o auge da pandemia.
Na Globo, o “Encontro com Fátima Bernardes” reestreou já no final de abril, depois que o jornalístico “Combate ao Coronavírus” perdeu audiência e acabou cancelado. Mas o programa de Fátima teve que se adaptar ao “novo normal”: voltou sem plateia e com quase todos os convidados interagindo remotamente. Um ou outro até vai ao estúdio, mas mantendo distância da apresentadora.
O SBT também já está exibindo episódios inéditos do “Programa da Maisa”, depois de alguns meses de reprises. O talk-show retornou com uma novidade: uma plateia virtual. Só que o resultado ainda é estranho.
As pessoas que aparecem no telão – cada uma delas, supostamente, em sua própria casa – não reagem ao que acontece no palco. Não riem, não aplaudem nem parecem estar vendo o programa.
As gravações do “Caldeirão do Huck” voltaram a ser realizadas nos Estúdios Globo, e, a partir do próximo dia 18, o programa também terá plateia virtual. Ainda não sabemos, porém, como a temperatura do programa de Luciano Huck – teoricamente alta, como promete o título – vai se comportar.
Muito se fala de que algumas mudanças provocadas pela quarentena serão duradouras. As lives, por exemplo, vieram para ficar: são uma maneira simples e barata de muitos artistas divulgarem seus trabalhos. Também é possível que inúmeros profissionais das emissoras continuem trabalhando de casa, evitando deslocamentos desnecessários.
Nada disso garante que o resultado final seja bom. Ao contrário do humor, que depende basicamente apenas do texto e da interpretação, os programas de variedades demandam uma produção bem mais complexa. É difícil imaginar, por exemplo, um “The Voice” sem que todos os envolvidos estejam fisicamente no mesmo lugar.
A pandemia é um dos maiores desafios pelo qual passou a TV aberta. Mais urgente do que a chegada da TV a cabo, na década de 1990, ou a expansão da internet, no começo do século XXI. A receita publicitária caiu, mesmo com a audiência se mantendo estável – ou, em alguns casos, até crescendo. E as reprises não podem durar para sempre. Ninguém, nem mesmo a Globo, tem acervo para tanto.
Por tudo isso, é admirável que tantos projetos estejam vindo à luz, mesmo em condições tão desfavoráveis. A nossa TV é mesmo dura na queda.