“Parrerito era muito alegre, vivia contando piadas. E era muito profissional na arte de cantar”, disse o sanfoneiro Carlos Resende, o Xonadão. Em entrevista a O Tempo, concedida na tarde desta terça-feira (15) pelo telefone, o artista falou sobre o amigo, com quem trabalhou nos últimos anos no Trio Parada Dura, e que morreu na noite do último domingo (13) em decorrência de complicações da Covid-19. “Ele tinha o astral lá em cima, era entusiasmado demais”, afirmou.

“Eu e o Parrerito convivemos juntos há 33 anos, desde que ele entrou para o Trio porque o Barrerito tinha saído; eu trabalhava para o irmão dele”, relembrou. Mas foi a partir de 2006 que os laços entre eles se estreitaram ainda mais quando Xonadão passou a fazer parte do grupo sertanejo. “A convivência era diária, mais intensa”, contou Xonadão. “Vivemos muita coisa juntos, muitas lutas e muitas vitórias”, acrescentou ele.

O sanfoneiro lembra, com detalhes, a última vez que encontrou com Parrerito. Eles foram de carro até Goiânia, no dia 16 de agosto,  para participar de uma live do cantor Marrone (que faz dupla com Bruno). “Fomos no meu carro”, disse Xonadão. A viagem de avião foi descartada por causa do medo de contaminação pelo novo coronavírus. “Só o Creone não foi, porque ele não está saindo de casa”, revelou. 

No dia 17, na volta a Minas, o sanfoneiro conta que deixou o amigo em casa. “Estava tudo normal. Estávamos, sim, preocucpados com a questão da Covid-19, mas tudo dentro da normalidade”, afirmou Xonadão. “Até comentamos, entre a gente, sobre a segurança montada no local onde a live do Marrone foi realizada, cada um tinha um camarim; para entrar no lugar tinha toda uma burocracia”, detalhou.

Segundo ele, Parrerito contou que estava passando mal na tarde do dia 29 de agosto, véspera de uma live que o Trio Parada Dura faria na cidade de Cláudio, na região Centro-Oeste de Minas. “Naquele mesmo dia ele foi internado e veio o diagnóstico da doença”, revelou. De acordo com Xonadão, a última vez que ele e o amigo conversaram foi por mensagem no último dia 31, antes de Parrerito ser transferido para a UTI.

Apesar de o quadro de saúde do cantor ser considerado delicado, todos estavam confiantes na recuperação dele. “Até a sexta-feira (dia 11) ele estava bem, apresentando melhoras; ele já usava o respirador na potência mínima”, citou o músico. Entre sábado e domingo, o estado de saúde de Parrerito piorou, e ele faleceu na noite do último dia 13. O corpo de Parrerito foi sepultado nessa segunda-feira (14), em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte - cidade que ele morava com a família.

‘Alcançamos o que a gente queria’

Xonadão afirma que, nos últimos anos, o Trio Parada Dura vinha passando por um momento especial. “Depois de muita luta, vivíamos momentos de glória, com cem shows por ano”, revelou o sanfoneiro, citando que a situação só mudou por causa da pandemia. “Todo esse sucesso tem a ver com as músicas que lançamos e também com as parcerias que fizemos, como com a dupla Zé Neto e Cristiano e com a Marília Mendonça”, garantiu. “Alcançamos o que a gente queria. Fomos parar, inclusive, em vários programas da Globo. Participamos do programa do Faustão, da Fátima Bernardes”, relembrou.

Entre os planos do Trio, estava a gravação de DVD de 50 anos do grupo, que aconteceria em outubro deste ano, mas tinha sido adiado para 2021. “Já tínhamos separados algumas canções, algumas já estavam até prontas para serem gravadas. Ainda guardo a imagem da gente ensaiando o novo repertório”, contou Xonadão.

O sanfoneiro afirmou que ficou surpreso com a repercussão que a morte de Parrerito teve, e com a quantidade de mensagens que tem recebido nas redes sociais. “Conseguir ler algumas”, adiantou. “Mas muitos fãs, além de prestar solidariedade, pediram para gente não deixar o trio parar”, contou Xonadão. Sobre o futuro do Trio Parada Dura, ele garantiu: “A gente ainda vai pensar nisso, mas mais pra frente. Mas, provavelmente, o Trio vai continuar”.