Projeto Músicos em Casa une o erudito e o popular durante o isolamento

O Espaço de Cultura e Arte (ECA), em Belo Horizonte, estava com uma programações intensas antes da pandemia. Aulas de música, artes plásticas, fotografia e eventos culturais preenchiam a agenda da escola, que teve de se reinventar com a adoção das medidas de isolamento social, que fez com que eventos fossem cancelados e o dia a dia do espaço completamente alterado. Surgiu, então, o projeto Músicos em Casa. “Quando veio a quarentena, ficamos pensando o que poderíamos fazer para movimentar os músicos, que vivem de apresentação e estão impossibilitados”, conta o pianista e sócio-fundador do Espaço de Cultura e Arte, Ricardo Matosinho. 

A ideia é viabilizar financeiramente os profissionais e, ao mesmo tempo, proporcionar um conteúdo original durante a quarentena. Às segundas-feiras, sempre às 18h, o ECA publica um vídeo em suas redes sociais (Instagram e Facebook) do resultado de parcerias – algumas delas inusitadas – entre músicos, que fazem propõem suas próprias releituras, com novos arranjos, para canções que habitam tanto o erudito quanto o popular. Os próprios músicos gravam em casa com o celular e enviam o material, que é editado na escola.

O que vai ao ar nesta segunda, às 18h, é uma interpretação de “Ave Maria”, do compositor porto-riquenho William Gomes, e vai reunir viola, flauta, piano, harpa, trompete e uma soprano. “Será nosso vídeo com mais músicos, porque temos uma instrumentação maior”, diz Matosinho. “All Of Me”, de John Legend, e “Morceau de Concours”, de Gabriel Fauré, também ganharam novas versões.

Segundo Matosinho, a escolha do repertório é livre, mas os alunos foram incentivados a mesclar esses dois universos. Um exemplo disso é a versão de “Rajadão”, música de Pabllo Vittar que Rayane Boldrini canta ao som da Sonata nº9, de Beethoven, tocada ao piano por Matosinho.

Matosinho celebra o Músicos em Casa e a oportunidade de fazer com que os artistas experimentem novos estilos e abordagens musicais durante esse período sem aulas e shows ao vivo. O projeto, inclusive, deve se estender por tempo indeterminado. “A própria quarentena em si é incerta, então o projeto, nesse sentido, também é. Mas pretendemos continuar por, no mínimo, um mês”, comenta Matosinho.