Em entrevista durante o programa 'Conversa com Bial', a atriz Regina Duarte relembrou fatos ao longo de seus 40 anos de carreira e detalhou sobre suas posições consideradas conservadoras.

Na conversa, ela colocou suas personagens em perspectiva. Sobre Maria Lúcia Fonseca, a protagonista da série Malu Mulher, criada por Daniel Filho, ela disse que não queria ser feminista. Era final dos anos 70, e a parcela mais conservadora da sociedade brasileira daquela época não amava uma mulher cheia de decisões como Maria Lúcia.

“Eu nunca me declarei feminista, mesmo fazendo Malu. Eu achava que não era por aí, que tinha caminhos intermediários, que tinha que negociar mais, que não podia se afastar do homem.”

No bate-papo com o jornalista Pedro Bial, a atriz explicou que aceitou o convite do diretor para o papel em meio a um processo de separação. "Eu namorei o Daniel, eu me apaixonei profundamente. Ele veio com uma coisa que eu queria na vida, na arte, eu estava buscando uma paixão, saindo de um casamento.”

Conforme Regina, Malu foi criada para que outras mulheres se identificassem com ela. Os desquites haviam se triplicado em 1977, o que teria chamado a atenção de Boni e Daniel. "Existia uma nova mulher na sociedade e era necessário falar dela.”

Quando Malu Mulher chegou ao fim, Regina Duarte já não concordava com a postura da personagem. “Eu estava achando ela muito chata, muito autoritária, muito dona da verdade, muito feminista. Aquilo que eu nunca quis ser.”

Política foi um dos assuntos abordados durante a entrevista, já que a atriz foi uma intensa apoiadora de Bolsonaro ainda durante as eleições do ano passado.

Sobre seu posicionamento, Regina disse que sempre foi e continua sendo conservadora. “Embora tenha tido atitudes de vanguarda, sempre fui e continuo conservadora.”

A atriz falou também sobre a repercussão que suas escolhas políticas causam em sua vida. “Em 2002, fui chamada de terrorista e hoje sou chamada de fascista. Olha que intolerância. E eu achando que estava vivendo em uma democracia, onde tenho direito de pensar de acordo com o quero, onde respeito quem pensa diferente de mim, não xingo ninguém.”

A escrita de uma autobiografia - ainda sem data de publicação - e o trabalho como diretora de teatro - atualmente ela dirige a peça 'Volta Ao Lar', com texto de Harold Pinter - são atividades às quais ela se dedica atualmente.