Quem chegou a BH neste sábado (25), dificilmente imaginará a chuva que tomou conta da cidade nessa sexta-feira (24)  e colocou em risco a realização do Planeta Brasil, realizado na esplanada do Mineirão. 

Diante de um sol daqueles (muitas pessoas se abanavam), a dupla AnaVitória-- a primeira atração-- realizou um show com grande interação da imensa plateia que veio prestigiar as garotas de Tocantins. A verdade é que o público cantou junto a maioria das canções.

"Porque eu te amo", "Ai Amor" e "Singular" foram cantadas com a dose de fofura própria da dupla, arrancando gritos e suspiros dos fãs

Vitor Kley manteve o ritmo animado do show das meninas com sua participação. Para não ter erro, investiu no hit "O Sol", entoado a plenos pulmões pelos presentes. O cantor se acompanhou ao violão durante as canções

As tocantinenses  encerraram o show com agradecimentos efusivos ao público de BH e deixaram de lado a humildade ao colocar na conta das próprias preces o aparecimento do sol em dia ameaçado por chuvas que, até então, não tinham caído.

Elas também deram voz ao sucesso do grupo Novos Baianos, cujo refrão "eu sou amor da cabeça aos pés" entrou em perfeita sintonia com o espírito do público

Caetano Veloso

Poderia já estar no script, mas o fato de Caetano ter começado pontualmente seu show às 18h cantando "Luz do Sol" não deixou de ser simbólico em um dia onde a chuva era temida. Logo em seguida, o cantor, conhecido por seu engajamento político, fez um discurso forte dizendo que "Brumadinho não foi acidente", em referência ao rompimento da Barragem que deixou quase 300 vítimas e que completa 1 ano hoje ainda com desaparecidos.

Sozinho no palco e acompanhado apenas por seu violão, o senhor de 77 anos entoou com vigor a canção "Terra", aclamado pelo fiel público presente.

Na sequência, a fofa "O Leãozinho" arrancou gritos histéricos da plateia e preparou o terreno para "Trilhos Urbanos"

"Qualquer Coisa", uma das músicas mais bonitas e intrincadas de Caetano deixou o clima mais ameno.

"Sampa" foi saudada com entusiasmo logo no primeiro acorde. Caetano retribuiu a empolgação com um sorriso.

"Cajuína", homenagem de Caetano ao amigo Torquato Neto, que cometeu suicídio em 1972, aumentou a dose de poesia do espetáculo.

 A autobiográfica e lírica "Minha Voz, Minha Vida", seguiu na mesma toada, com o público cantando em uníssono o verso "se o amor escraviza, mas é a única libertação".

Quando "Reconvexo" entrou no roteiro a emoção do público desconcertou o próprio Caetano, que errou os primeiros versos, mas logo retomou a canção e a dominou. O coro ficou ainda mais forte com "Desde que o Samba É Samba"

Caetano regeu a plateia antes de se retirar do palco, provando que o seu repertório também está talhado para festivais com multidões.

"Sozinho" reservou um momento de romantismo ao espetáculo, enquanto "A Luz de Tieta" acendeu novamente a chama das vozes e corpos que dançavam na plateia, diminuindo a distância entre artista e fãs.

Baco Exu do Blues

Baco Exu do Blues cumpriu o prometido de levar ao palco a turnê "Bluesman", que une músicas de seus dois discos.

Como de costume, o cantor interagiu com a plateia e pediu que o ajudassem a cantar sucessos como "Te Amo Disgraça" e "Girassóis de Van Gogh". O pedido foi prontamente atendido.

Baco voltou a levantar a plateia com "Bluesman", cujo clipe lhe  rendeu o primeiro lugar no festival de criatividade de Cannes, em junho do ano passado.

Marcelo Falcão e a Chuva

Começou a chover na Esplanada do Mineirão, durante o show de Marcelo Falcão, que entoou "Reza a Vela", um dos maiores sucessos do grupo Rappa. Mas a chuva fraca não desanimou os presentes. Ao contrário, o show de Falcão, que aposta em uma instrumentação pesada, agitou os fãs.

Depois de cantar o sucesso "Lado B, Lado A", Falcão abriu espaço para a releitura de "Lamento Sertanejo", de Gordurinha, outra canção identificada com o grupo O Rappa, a exemplo de "Vapor Barato", da dupla Jards Macalé e Wally Salomão, que também se tornou icônica na voz de Falcão.

A rigor, Marcelo Falcão realizou um autêntico show do grupo Rappa, só que com outra formação nos instrumentos. O vocal líder demonstrou o habitual carisma ao colocar a plateia pra pular com hits do porte de "Reza a Vela" e "Me Deixa”.

A essa altura, não chovia mais no Mineirão, foi apenas uma breve e discreta visita, apenas para cumprir a promessa.