Oitenta e oito anos após a fundação do Palestra Itália, outra iniciativa desportiva com DNA italiano surgiu em Belo Horizonte. Originado da fusão entre o Grupo Sada, do empresário ítalo-brasileiro Vittorio Medioli, vivendo no Brasil desde 1976, e o Cruzeiro, nasce o Sada Cruzeiro, time de vôlei que, em pouco tempo, tornou-se um dos principais expoentes da modalidade no Brasil e no mundo. O projeto iniciou-se em 2006, com o advento do Sada Betim, até se unir ao clube do Barro Preto.

 

A exemplo do Palestra, a equipe chega às quadras com uma grande torcida, herdada do time de futebol. Do mesmo modo, de lá para cá, empilhou uma série de títulos e se tornou “campeão de tudo” no vôlei.

 

Entre outras conquistas, o Sada Cruzeiro ostenta em sua sala de troféus o octacampeonato da Superliga, 15 Mineiros, sete Copas Brasil, cinco Supercopas, dez Sul-Americanos e quatro Mundiais de Clubes.

 

“Desde o início nunca deixamos de pensar no melhor possível para o time. Eu nasci em Parma, a cidade que consagrou o primeiro time campeão do mundo de clubes de vôlei, e o esporte de certa forma sempre me acompanhou. Nós, do Sada Cruzeiro, sempre estivemos atentos à inovação, em termos um ambiente focado, de olhar os detalhes, adotar princípios firmes, enxergar longe, preparar condições, respeitar o adversário, ter a vitória como um ideal, e um grupo que acredita no que estamos fazendo. Escalar o cume da montanha e não parar no meio da encosta sempre foi a nossa meta. E algumas vezes conseguimos alcançá-la”, avalia Vittorio Medioli. 

 

O fundador do Sada Cruzeiro também destaca a parceria de sucesso com o  clube do Barro Preto. “Acredito que são inúmeros os componentes do sucesso e o fato de ser Cruzeiro é um deles. O Cruzeiro tem essa energia, essa coisa de se superar, o amor do torcedor pelas cinco estrelas. Isso tudo é muito lindo e é um incentivo a mais para a nossa equipe”, argumenta. 

 

Lidson Potsch, presidente do Cruzeiro associação, aponta que o espírito visionário que fundou o Palestra também contagiou o time de vôlei. O dirigente ressalta que o clube nunca parou de se reinventar, de tentar se tornar também uma referência em outras modalidades esportivas.

 

“Em 2009, foi iniciada a parceria muito bem-sucedida com o time de vôlei e o Vittorio Medioli, que é um grande italiano. Representantes da ala italiana no Cruzeiro, na época, como o Anísio Ciscotto, auxiliaram nesta interlocução. Acredito que foi a mistura perfeita, unindo a tradição do Cruzeiro com a força de um time que também tinha o DNA azul da Itália. O multicampeão Sada Cruzeiro hoje é um clube que ultrapassou fronteiras, e que leva a imagem do Cruzeiro para o mundo”, comemora Potsch.

 

De Treviso para Minas

 

Considerado um dos principais rivais do Sada Cruzeiro no vôlei masculino, o Minas Tênis Clube, fundado em 15 de novembro de 1935, é reconhecido no país como uma das mais importantes agremiações de esportes especializados do Brasil. Não foi fundado por italianos, mas, há cinco anos, tem no comando de uma de suas equipes um legítimo italiano. Trata-se de Nicola Negro, treinador do time feminino de vôlei.

 

Aos 44 anos, nascido em Treviso, o profissional se sente em casa na equipe da Rua da Bahia.  “Cheguei em Minas Gerais em 2019. Em minha carreira, já tive várias experiências longe da Itália. Trabalhei quatro anos na seleção da Turquia, depois por quatro temporadas na Liga Polonesa, além de Azerbaijão, Romênia e Eslovênia. O que posso dizer, como primeiro impacto, conhecendo muitas realidades, é que Minas Gerais tem o estilo de vida, o modo de viver e a mentalidade esportiva mais parecidos com a Itália, em relação aos lugares onde morei. Isso ajudou muito na minha inserção no clube e no time em geral”, diz Negro. 

 

 

O treinador diz que o Estado  é o lugar mais longe da Itália onde trabalhou. Contudo, afirma estar sendo uma grande experiência. “Quando cheguei, percebi uma mentalidade e uma cultura bastante parecidas com as da Itália. Amo Minas Gerais, amo Belo Horizonte e construí, sem dúvidas, a página mais importante da minha carreira aqui. Conseguimos muitos sucessos nesses anos e ainda vamos por mais, buscando mais troféus e continuando esse percurso técnico”, projeta.

 

Pelo Minas, Negro conquistou duas Superligas femininas (2020/21 e 2021/22), duas Copas Brasil (2019 e 2021) e três Sul-Americanos (2020, 2022 e 2024).