Imagine colocar o sonho de empreender em prática. Você pega empréstimo no banco, compra mercadorias junto aos melhores fornecedores, contrata funcionários, paga impostos e reforma uma loja. As coisas parecem caminhar bem por um tempo, mas não demora muito para perceber que o dinheiro que entra no caixa não compensa todos os gastos. As contas vão chegando, você tem que negociar prazo com os fornecedores e acaba pegando mais um empréstimo para pagar salários, impostos e contas básicas, como aluguel, água e luz.

E aí começa uma bola de neve que pode levar ao momento mais doloroso para um empresário: a falência. E é neste momento que você percebe que está, na verdade, em um pesadelo e começa a torcer para acordar.

No segundo episódio da série “Empreendedorismo: sonho, pesadelo ou realidade?”, a equipe de O TEMPO fala sobre como o sonho de empreender pode se tornar um verdadeiro pesadelo, especialmente quando vêm as dívidas e o empresário é obrigado a encerrar as atividades.

Marcos Martins, dono de uma empresa de vestuário em São Paulo, vivenciou três quebras antes de prosperar verdadeiramente. Ele começou a ter contato com a área quando trabalhava como camelô no Brás, bairro famoso pelas roupas baratas em São Paulo. Decidiu produzir as próprias peças e viu o negócio crescer rapidamente, mas a falta de preparo o fez chegar à falência.

Sua dívida, naquele momento, chegava a R$ 1 milhão. “Tive que me mudar do meu apartamento, eu tinha uma linda cobertura em São Paulo, eu tive que entregar carros, tive que me desfazer de tudo que tinha conquistado naquele período. Para ter uma ideia, fui morar de favor na casa de uma funcionária minha”, relembra.

Foram sete meses de depressão, até que Marcos decidiu rever o trabalho desempenhado anteriormente, encontrar os erros e estudar para saber quais eram os caminhos corretos ao empreender. Ele procurou pelo Sebrae e se debruçou sobre livros de administração.

De acordo com o Sebrae Minas, 30% das pessoas que abrem uma empresa no estado fecham o negócio após cinco anos de atividade. Esse percentual, medido em 2020, foi o maior entre todas as unidades da federação.

E quase um terço dos negócios mais encerrados em Minas são do setor do comércio. Mesmo depois dos períodos mais duros da pandemia, a situação não melhorou muito.

E a frustração pode ser uma realidade não só para quem abriu um negócio, mas também para quem achou que poderia ser mais feliz com a flexibilidade oferecida por aplicativos como Uber e iFood. Muita gente preferiu deixar de procurar emprego com carteira assinada para trabalhar como motorista de aplicativo ou entregador.

O problema é que, para ter ganhos realmente compensadores, esses trabalhadores precisam de uma jornada muito extensa. Sem contar com direitos trabalhistas que inexistem nesses casos.

A possibilidade de ser o próprio patrão foi a motivação para Ozengauber Reis, mais conhecido como Zenga, ser motorista de aplicativo. Mas a aventura durou pouco mais de 2 anos e meio. “As pessoas falavam muito bem (do trabalho como motorista de aplicativo). Mas é como a história do casado que fala pro solteiro ‘vem que a psicina tá boa’, mas quando você entra a piscina tá gelada”, brinca Zenga.

“Quando você entra nessa jornada, os riscos são muito grandes. Quantas vezes eu transportei traficante armado querendo acertar as contas com outros?”, diz Zenga, que atualmente voltou para a CLT e trabalha como vigilante.

Para conferir a história completa sobre problemas enfrentados por quem pessoas que empreenderam, ouça o podcast a seguir:.

Confira os demais episódios abaixo: