Sonho. Uma palavra cheia de significados que, na prática, age como uma mola propulsora. Tem quem levante da cama apenas na expectativa de conquistar esses desejos íntimos. Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe) tentou mapear os principais sonhos dos brasileiros. Na primeira colocação, veio viajar - resposta dada por 61% dos entrevistados por eles. Na sequência, ter o próprio negócio. Seis a cada dez brasileiros querem ser empreendedores.

É o maior percentual de pessoas que sonham em empreender em um intervalo de dez anos. Se, em 2021, apenas 46% das pessoas gostariam de ser donas do próprio negócio, o percentual subiu para 61% na última pesquisa, que tem como base o ano de 2022. Outro ponto que chama a atenção é que ter uma carreira consolidada está agora na oitava posição entre os desejos. Em um passado recente, esse era o foco de uma parcela considerável da população. Antes de querer ser destaque em uma empresa, ainda tem a casa própria, o automóvel, a viagem para o exterior, ter plano de saúde e diploma de ensino superior, além dos já citados sonhos de viajar e empreender.

A mudança tem explicações, segundo o economista da Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade, Andrew Storfer. “Quando a gente compara o mundo como era há 30, 40 anos atrás, com uma certa segurança no emprego, muita gente começava em um emprego e continuava por anos e anos, alguns aposentaram no mesmo emprego em que começaram a trabalhar. Essa situação não existe mais. O mundo mudou”, diz.

Para o diretor de operações do Sebrae Minas, Marden Magalhães, não apenas o mundo mudou, como também as pessoas. Ele lembra que há um recorte etário nessa busca pelo empreender. De um lado, estão jovens que, nesta geração, veem a possibilidade de ter o próprio negócio como uma alternativa de primeiro emprego. De outro, estão também profissionais seniores que, após acumularem experiência, começam a pensar no empreendedorismo como uma forma de estender a vida profissional. Um movimento cada vez mais comum com o aumento da expectativa de vida e após a reforma da Previdência, que ampliou o tempo de trabalho.

Essas são algumas justificativas, mas tão amplos como os tipos de sonhos são os motivos que levam ao ato de empreender. Neste primeiro episódio da série “Empreendimento: Sonho, Pesadelo ou Realidade?” outras análises são levantadas e histórias de sonhadores empreendedores contadas para inspirar aqueles que estão na fila para realização dos planos traçados. Histórias como as da Lidiana de Almeida, do Renato Filgueiras e da Laura Torres.

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