Um órgão com atribuições fundamentais ao corpo humano. O fígado possui uma missão essencial à vida, embora esteja distante do protagonismo difundido de outros, como o coração e o cérebro. Tal como ele, cerca de 400 pessoas trabalham sob anonimato e garantem não apenas o funcionamento da Santa Casa BH, como a assistência aos 51.206 pacientes atendidos por mês no maior complexo hospitalar da capital mineira. São auxiliares de serviços gerais, profissionais de limpeza, cozinheiros, entre outros, que no silêncio de seus ofícios ofertam dignidade e ajudam a salvar vidas de milhares de pessoas.
“A minha limpeza ajuda a salvar as vidas desses pacientes”, afirma a auxiliar de serviços gerais Maria Alves Pereira, 47, a profissional mais antiga da unidade. São 27 anos percorrendo corredores e salas de internação e cirúrgicas para oferecer condições ao tratamento de quem chega ao hospital. “Se um leito está sujo, o paciente corre o risco de ter uma infecção. Agora, se entrego o meu trabalho, eu evito esse risco”, completa.
Assim como Maria, outras 287 pessoas são responsáveis pela limpeza na unidade de saúde. Elas se dividem em turnos de 12 horas pelos 13 andares, onde são realizados procedimentos cirúrgicos, internações e recuperação dos pacientes.
Em um desses andares, onde funciona a cozinha, cerca de 50 pessoas dividem a responsabilidade dos cuidados dos pacientes e funcionários. São cozinheiros e outros profissionais com a missão de preparar e distribuir 10,5 mil refeições por dia.
“A gente sabe da nossa responsabilidade, que a comida precisa ser bem feita, entregue na hora certa, na temperatura adequada. Só conseguimos isso porque temos amor pelo que fazemos”, conta a gerente do serviço de nutrição, Vanessa Cristina Ferreira, 42.
Limpeza e refeição, serviços que assim como a assistência médica são essenciais para a pacientes e para centenas de funcionários, como Natane Moura, 32. A enfermeira atua no Núcleo Interno de Regulação, onde são ofertadas vagas de leitos. “O meu trabalho é importante, principalmente para aquelas pessoas que estão nas UPAs. Por isso, tenho que dar o meu melhor, lido com vidas”, relata.
Centenária cozinha da Santa Casa sobrevive com doações
A centenária cozinha da Santa Casa BH, onde são ofertadas 10,5 mil refeições por dia, precisa de doações. Os profissionais necessitam de fornos combinados e equipamentos que auxiliam o melhor preparo e a conservação dos pratos servidos para os pacientes.
“As doações são de extrema importância. Esses fornos oferecem ainda mais segurança para os profissionais”, conta a gerente do serviço de nutrição, Vanessa Cristina Ferreira, 42.
A cozinha funciona durante 24 horas ao dia e tem cerca de 140 funcionários, que se dividem em turnos de 12 horas. As refeições feitas no local são distribuídas seis vezes ao longo do dia. “A gente pede que nos ajudem a cuidar dos pacientes que amamos”, implora. As doações podem ser feitas pelo telefone 0800 941 7377.
História: amores que nasceram em anonimato
A auxiliar de serviços gerais Maria Pereira, 47, profissional mais antiga da Santa Casa BH, conheceu o seu companheiro no trabalho. Ele também é funcionário na unidade de saúde. O primeiro encontro foi em 2007, e, desde então, estão juntos.
“A gente trabalhava no bloco cirúrgico e, nos intervalos, comíamos juntos. Então, a gente enturmou e um dia ele me chamou para sair e tomar um refrigerante”, brinca a profissional. O relacionamento rendeu frutos ao casal: uma filha, hoje adolescente, com 12 anos. “Graças a Deus, um homem muito tranquilo. Um bom pai, um bom companheiro, uma pessoa tranquila de lidar”, descreve.
Como precisam dividir a rotina, o casal busca estratégias para evitar que as questões de casa e do trabalho interfiram no relacionamento. “Do portão para dentro, somos colegas. Do lado de fora, marido e mulher. Uma coisa não pode interferir na outra”, completa.