Casado e pai de duas meninas, Dênis José Vicente Duarte, 34, começou a rodar como motorista de aplicativo em 2018. Ao longo dos anos, foi se associando a mais plataformas e hoje trabalha com Uber, 99, In Drive, ZapLog e Lalamove. “Entrego encomendas, transporto passageiros. A gente faz tudo”, diz. Foi esse trabalho que viabilizou o sonho de fazer faculdade de direito e comprar o carro próprio. Ele pode dizer que aproveitou os “bons tempos” do boom dos apps.

 

“Recolho o INSS como MEI e graças a Deus fiz uma boa gestão do dinheiro que ganhei. Até a pandemia dava para sobreviver com conforto. Vários motoristas, como eu, trabalhavam em outras áreas e depois foram ficando só no app. Fazia de 120 a 150 corridas por semana. A renda era boa, e não valia a pena ter dois trabalhos. Atuei na área de segurança privada, ganhava em torno de R$ 2.000, fazendo 12hx36h, mas tinha de trabalhar aos sábados, domingos e feriados. No app, você faz sua jornada”.

 

Mudança pós-pandemia

 

Mas a realidade pós-pandemia não se manteve tão atraente. “A renda caiu; a remuneração está defasada. Além disso, temos de concorrer com Uber Táxi e 99 Táxi. Das quase 150 corridas por semana, hoje não faço 40. Ficamos horas parados para ter uma corrida boa. Se ela custa R$ 10, o algoritmo faz um leilão, até alguém aceitar”, conta. 

 

Apesar das dificuldades, ele diz que é difícil largar o app, pois o ganho é imediato. “Não é CLT, que a gente trabalha e espera 30 dias para receber. Se tenho uma conta para pagar, eu saio, rodo e ganho o dinheiro.” Questionado sobre a regulamentação, Dênis é taxativo: “A regulamentação vai ser a saída daqui pra frente. O transporte por app ficou muito sem rumo. Quem roda para ter renda extra tira a corrida de quem usa como renda principal. Espero que a regulamentação iniba esse tipo de motorista. A gente tem encargos de pessoa física, não temos benefícios como os taxistas, que têm desconto no IPVA e incentivo para compra de carro”, compara.