Além de ser pontos de encontros diversos, esses espaços tornam-se locais de apoio a pequenos produtores e divulgação de outros tantos produtos que visam ao fomento da economia local – caso do Café Magrí, que, depois de se fixar no Mercado Novo, em BH, abriu há pouco mais de um ano uma nova unidade no Parque do Palácio, que fica no Palácio das Mangabeiras. No menu de brunch, há uma curadoria de produtos sustentáveis, sem conservantes e de pequenos produtores de Minas Gerais, com sugestões de pratos que prezam pela rastreabilidade dos ingredientes usados.
Com uma vista para a serra do Curral, o café oferece uma experiência que vai além do paladar – apesar do menu atrativo –, envolvendo os visitantes em um ambiente natural e tranquilo, incluindo a piscina modernista projetada por Oscar Niemeyer.
“Hoje eu vejo uma troca muito forte entre os públicos do Palácio e do nosso café. Eu entendo que temos um púbico muito expressivo que já conhecem o Magrí, mas a beleza do Palácio contribuí para isso, para que as pessoas frequentem essa unidade. Há uma curiosidade de se conhecer o espaço que já foi residência oficial dos governadores de Minas Gerais. Um funciona em confluência com o outro”, explica Marília Balzani, sócia do Magrí, sobre a fusão de públicos.
Essa valorização dos ingredientes no cardápio, como prioriza o Café Magrí, também introduz os visitantes a sabores e ingredientes únicos da região, enriquecendo ainda mais a experiência cultural. A Galeria Mama Cadela, no Santa Tereza, e o Mama Café exemplificam perfeitamente a sinergia entre arte e gastronomia. Fundada em 2004, essa galeria na região Leste da cidade não é apenas um espaço para a apreciação artística, mas também um local onde os visitantes podem desfrutar de cafés da manhã, brunches e drinks feitos com produtos de pequenos fornecedores locais, produtores vizinhos da região e da agricultura familiar, elaborados pela chef Nanda Andrade.
Para Ana Van Stralen, gestora do espaço, a ideia é que o público possa visitar as exposições e estender o passeio para um café da manhã ou um drink. Por isso, a vontade de expandir o espaço para a gastronomia, iniciativa que surgiu em setembro deste ano. “Muita gente que, inicialmente, visita o local para tomar café acaba conhecendo os artistas que estão expondo na galeria e, assim, os artistas estão tendo a oportunidade de atingir um público diferente com sua arte”, exemplifica. “E muitas pessoas que já frequentavam o Mama Cadela agora têm a oportunidade de apreciar uma experiência gastronômica que a gente não oferecia”, conclui.
Intercâmbio gastronômico
Sabores de outros países também têm integrado os cardápios nesses espaços. Em junho deste ano foi a vez da tradicional confeitaria Mole Antonelliana instalar mais uma unidade no Circuito Liberdade, na Casa Fiat de Cultura. Desde então, o público também é convidado para saborear os clássicos italianos do cardápio. “A parceria com a Mole Antonelliana, que há mais de 45 anos é fiel às receitas do norte da Itália, é um privilégio. Estamos ampliando a experiência que a Casa Fiat de Cultura oferece ao público, aliando o melhor da arte, da gastronomia, do design e da arquitetura”, disse Ana Vilela, gestora do espaço.
Já o restaurante Capitão Leitão, especializado na culinária portuguesa e particularmente conhecido pelo seu leitão à bairrada, prato típico de Portugal, transferiu-se do boêmio bairro Santa Tereza para dentro do Museu Histórico Abílio Barreto – antes, o espaço era ocupado desde 2017 pelo Caravela, com preparos autênticos lusitanos, do mesmo chef português Cristóvão Laruça.
“Na Europa, esses equipamentos urbanos têm como característica essa ligação e trazem a gastronomia para dentro desses espaços. Todos eles possuem cafés e restaurantes com propostas atrativas que incentivam as pessoas a frequentar cada vez mais esses espaços públicos e que eles não caiam em situação de abandono”, pontua Laruça.
Com a mudança em setembro , o chef planeja não só a combinação gastronomia e cultura, mas também revitalizar a cena cultural local. “Agora, dentro de um museu, abrimos mais possibilidades no menu não só com preparos à base da carne de porco, mas outros pratos que sejam diversos e atendem igualmente os visitantes”, finaliza o chef.
Café Magrí
Funcionamento: Quarta a sexta, das 10h às 18h. Sábado e domingo, das 9h às 18h.
Endereço: praça Efigênio de Sales, 1.111,
portaria 1, Mangabeiras
Capitão Leitão
Funcionamento:Terça-feira, das 12h às 14h30. Quarta a sábado, das 12h às 15h e das 18h às 23h30
Domingo, das 12h às 16h30
Endereço: Av. Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim (2º andar)
Mamá Café
Funcionamento: Sábado e domingo, das 9h30 às 15h
Endereço: Rua Pouso Alegre, 2.048, bairro Santa Tereza
Mole Antonelliana
Funcionamento: terça, sexta-feira, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Endereço: praça da Liberdade, 10, Funcionários