Diversificação

Donos da cerveja Corona apostam na maconha

Grupo investirá milhões de dólares no setor para acompanhar tendência mundial de legalização da erva

Por Da Redação
Publicado em 15 de agosto de 2018 | 21:16
 
 
Grupo da cerveja Corona vai investir em maconha Foto: Reprodução / Instagram @Corona

A Constellation Brands, proprietária da cerveja Corona, aposta na cannabis e injetará milhares de milhões de dólares em uma empresa canadense para aproveitar a tendência mundial para a legalização dessa droga.

O grupo americano de vinhos, cervejas e outras bebidas alcoólicas aportará 4 bilhões suplementares na Canopy Growth, uma empresa criada em 2013 e elevará para 38% sua participação nessa empresa montada ao sul de Ottawa em 2013.

Fabricante das cervejas Corona e Modelo, do vinho Roberto Mondavi e da vodca Svedka, a Constellation já havia comprado em outubro do ano passado 9,9% do capital da companhia canadense. Poderá se tornar sócio majoritário se nos próximos três anos exercer o direito de adquirir instrumentos financeiros negociados com Canopy.

"Desde o ano passado, entendemos um pouco melhor o mercado do cannabis e a oportunidade de crescimento que tem", disse Rob Sands, CEO da Constellation.

O mercado pareceu das as boas-vindas ao negócio e a ação da Canopy teve altas expressivas. 

Os investidores avaliam que essa diversificação da Constellation ocorre no momento em que um estudo da Universidade da Georgia, nos EUA, mostrou que o consumo de álcool caiu 20% nos estados em que a maconha foi legalizado.

O governo do Canadá estima, por exemplo, que 4,6 milhões de habitantes desse país consumirão 665 toneladas anuais de cannabis e gastarão entre 2,75 milhões e 4 milhões de euros.

Os gastos mundiais com cannabis devem triplicar nos próximos anos para chegar a 32 bilhões de dólares em 2022, segundo consultorias econômicas especializadas.

- Heineken do cannabis -

A Constellation, assim como outras cervejarias, aposta que a maconha será legalizada nos próximos anos em todo o território dos Estados Unidos e no mundo quase todo.

"Esse investimento, o maior até hoje no setor da cannabis, aportará à Canopy Growth os recursos necessários para criar e adquirir os ativos estratégicos necessários para ter uma importante presença em aproximadamente 30 países que autorizam o uso terapêutico da cannabis e se posicionar nos mercados que habilitem o uso recreativo", afirmou o grupo americano.

As leis federais dos Estados Unidos proíbem até o momento a venda e o uso da maconha.

Seu consumo recreativo foi, contudo, autorizado em oito estados e em Washington DC. Em 1 de janeiro deste ano, a Califórnia se tornou o maior mercado legal do mundo. 

Nos EUA, 29 dos 50 estados permitem o uso da cannabis em tratamentos médicos.

No dia 17 de outubro, o Canadá se tornará o primeiro dos países do G7, que agrupa as maiores economias mundiais, a legalizar o consumo recreativo. O mercado de produtos elaborados à base de cannabis, será permitido a partir de 2019.

As cervejarias querem fabricar bebidas sem álcool a partir dessa droga suave e é isso que explica a multiplicação de seus investimentos em produtores de maconha para uso terapêutico.

A Molson Coors, fabricante das cervejas Blue Moon e Coors e concorrente da Constellation, assinou recentemente uma associação com o grupo canadense The Hydropothecary Corporation (Hexo) que quer triplicar antes do final do ano suas fábricas.A 

A Lagunitas, uma filial da Heineken, oferece desde o final de julho a "Hi-Fi Hops", uma cerveja sem álcool e com infusão de cannabis.

O grande interesse por produtores habilitados de cannabis estimulou as ações dessas companhias nos últimos meses.

Canopy Growth quadruplicou sua capitalização desde que entrou na Bolsa. O grupo se uniu à Danish Cannabis para produzir em Odense, no centro de Dinamarca, e comercializar cannabis medicinal na Europa.

A valorização de sua concorrente canadense Aurora, que conta com filiais na Alemanha, nos Países Baixos e na Austrália se multiplicou por seis em um ano.