Entre 1962 e 1963 tinha início um movimento musical que ficou conhecido como new age, uma música de melodia suave, com sons instrumentais e da natureza e, por vezes, vozes etéreas. “Sua raiz espiritual está ligada ao movimento new age e, a partir da década de 1970, começa a receber influência de mestres e professores que ensinavam a filosofia hinduísta e os vedas”, explica Aurio Corrá, 68, leonino com ascendente em peixes e multi-instrumentista paulistano que se dedica ao estilo de música new age e às pesquisas das influências energéticas da música no ser humano.
Com 37 anos de carreira, 34 álbuns e 12 singles lançados no Brasil e no exterior, ele conta que a new age foi um movimento muito forte e flerta com a música clássica em sua estrutura. “A partir de 1970 surgiram gravadoras exclusivas desse estilo e, em 1987, foi criado um Grammy para premiar a melhor música new age daquele ano. Suzanne Doucet, grande musicista, organizou conferências internacionais e o movimento se fortaleceu”, relembra Corrá.
A música new age tem uma estrutura acústica com muito piano, flauta transversal e nativa norte-americana, violão e cítara. “Alguns artistas ficaram famosos, como Lorena McKennitt e Snatam Kaur Khalsa. A Enya conseguiu inserir vocal nesse estilo musical e ficou maravilhoso”, diz Corrá.
O compositor conta que a música new age acredita na unidade de terra e na coexistência pacífica entre os seres humanos, não é um movimento religioso e se baseia basicamente em princípios sociológicos e filosóficos respaldados pelo pensamento hinduísta.
“Nossa música utiliza a sonoridade para propiciar paz e tranquilidade e os efeitos atmosféricos levam ao cosmos. Constance Mary Demby e Steven Halpern usaram com maestria instrumentos acústicos e os teclados eletrônicos para obter esse efeito. A new age é ainda muito usada para meditação e aulas de ioga, e os sons da natureza alteram a química cerebral, provocando bem-estar. É uma música curativa”, observa Corrá.
O multi-instrumentista começou a estudar música aos 6 anos. Formado em piano e música erudita, queria estudar música na Europa ou nos Estados Unidos, mas seu pai não tinha recursos financeiros para bancar seus estudos. “Por uma conspiração cósmica, eu fui parar na Índia, onde estudei música clássica hindustani. Voltei ao Brasil e comecei a dar aula de música”, relembra.
Frase
“A cada álbum que eu termino, nasce a emoção do próximo que já vislumbra num novo amanhecer. É um ciclo interminável, e estar nessa roda da criação é ter a certeza de uma vida criativa, sempre nova, sempre cristalina. O ato de criar só acontece no presente inesperado, é o inspirar do momento, sem passado, sem futuro, sem escolha e sem tempo. Ou ele acontece, ou nada acontece.”
“Minha música é questionadora”
Aurio Corrá começou a criar música new age em 1978 e, em 1986, foi procurado pelo médium psicopictográfico Luiz Antônio Gasparetto, que havia voltado dos Estados Unidos encantado com a new age. “A ideia dele era produzir esse estilo musical no Brasil. Ele tinha um estúdio, e iniciamos uma parceria: ele como produtor executivo, e eu como músico, e lançamos o primeiro álbum, ‘Aura’, em fita cassete. Trabalhamos juntos durante alguns anos e, nos anos 90, iniciei carreira solo e depois aderi ao formato digital em seu home estúdio”, relata.
O músico foi muito influenciado pelo rock progressivo dos anos 1970 e sempre teve uma busca espiritual. “Cresci em uma casa rigorosamente kardecista, sempre pratiquei a meditação vipassana e nunca compus de forma cerebral. Minha marca é uma linha melódica, harmônica, feita com coerência sonora de forma agradável aos ouvidos e que tem como foco criar um ambiente em que a pessoa se questione se o que ela está vivendo é o melhor para ela”, acentua. (AED)
Músicas para cada um dos arcanjos
O trabalho mais recente de Aurio Corrá é o álbum “Regem Archangelorum”, que contempla uma música para cada um dos sete arcanjos: Micael, Orifiel, Anael, Zacariel, Rafael, Samael e Gabriel. “Dentro da cristandade, apenas Micael, Rafael e Gabriel são considerados os três grandes arcanjos. No entanto, existem relatos sobre eles de 4.000, ou seja, 2.000 a.C. Eles vêm da Torá, do judaísmo. Cada arcanjo rege uma era e tem suas qualidades. Estamos na era de Micael, aquele que carrega a face de Cristo, inspira pensamentos espirituais”, diz.
O novo álbum traz a percepção musical de Corrá sobre cada um desses arquétipos. Até o dia 5 de dezembro, as músicas compostas para cada um dos sete arcanjos poderão ser ouvidas em single, e, na sequência, ele vai disponibilizar o álbum completo nas plataformas. (AED)
Os arcanjos
Micael, representado pelo Sol (550 a.C. a 200 a.C.);
Orifiel – representado por Saturno (200 a.C. a 150 d.C.);
Anael – representado por Vênus (150 a.C. a 550 d.C.);
Zacariel – representado por Júpiter (550 d.C. a 800 d.C.);
Rafael – representado por Mercúrio (850 d.C a 1.190 d.C.);
Samael – representado por Marte (1190 d.C. a 1510 d.C.);
Gabriel – representado pela Lua (1510 d.C. a 1879 d.C.);
Micael – representado pelo Sol (1879 d.C. a 2233 d.C.).
Lançamentos
“O Livro da Numerologia”, Joy Woodward, editora Mantra, 176 páginas, R$ 58,70.
Os poderes da numerologia têm a capacidade de potencializar ensinamentos de outras artes, como a astrologia, o tarô e as terapias com cristais, trazendo à tona uma visão mais aprofundada da magia em sua vida.
“Ansiedade: o fim da escravidão”, Juliano Pimentel, editora Citadel, 240 páginas, R$ 49,90.
O autor ensina a identificar e desarmar os perigosos gatilhos da ansiedade, mas ensina como dar uma nova resposta a ela. Os medos que a alimentam e a fortalecem, sua relação com a depressão, como a imunidade é afetada são alguns dos temas abordados.
“Diário dos Sonhos”, Caitlin Keegan, editora VR, 160 páginas, R$ 99,90.
Após uma breve introdução à ciência do sono e dos sonhos, o diário apresenta uma lista de sugestões para pensar enquanto você registra seus sonhos nas páginas seguintes e ainda um dicionário de sonhos organizado por temas.