São Paulo. O Instituto Butantã e a farmacêutica MSD (Merk, nos EUA) anunciaram um acordo de colaboração para desenvolver a vacina contra a dengue que pode render mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 390 milhões) à instituição brasileira, além de royalties.

O plano envolve troca de informações com relação à fabricação da vacina com base no vírus da dengue atenuado TV003 obtido dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos EUA. A vacina do Butantã está em fase 3 de desenvolvimento, a última antes do lançamento final do produto. A versão da empresa americana ainda está na primeira etapa de testes com humanos.

Para a MSD, as informações podem garantir um lançamento mais ágil da imunização. Pelo acordo, a empresa distribuirá o produto, caso venha a ser comercializado, em mercados da América do Norte e Europa, entre outros. No Brasil, a distribuição permanecerá com o Butantã.

O instituto brasileiro receberia royalties por essas vendas e poderia se beneficiar de alguns testes a serem desenvolvidos em localidades em que circulam vírus diferentes daqueles do Brasil, onde a vacina do instituto foi testada, como em locais da Ásia onde circula o subtipo 4 do vírus, mais raro no Brasil.

Além disso, de entrada, a MSD pagaria US$ 26 milhões (R$ 100 milhões) para o Butantã e, a depender dos marcos que a vacina da companhia atinja (chegar às fases 2 e 3 de estudos clínicos, por exemplo), mais US$ 75 milhões (R$ 290 milhões).

“É um grande dia para nós. O trabalho que o Butantã fez até aqui foi ótimo, de excelência científica. Estamos orgulhosos de fazer essa colaboração aberta e de aprender com eles”, disse Mike Nally, presidente global de vacinas da MSD, que também desenvolve parcerias com o instituto para o desenvolvimento de vacinas de HPV e hepatite A.

Dimas Tadeu Covas, diretor-presidente do Butantã, afirma que a produção da vacina no país deverá ter início no próximo ano, mas que ainda será necessária a aprovação da Anvisa. A expectativa é que a droga supere a marca dos 80% de eficácia observada nas fases iniciais de estudo.

A pesquisa

O estudo contou com quase 17 mil participantes entre sadios e pessoas que tiveram dengue alguma vez ou que nunca tiveram contato com o vírus.

A partir do vírus atenuado, o Butantã produziu uma vacina liofilizada (em pó), que está sendo testada em 16 centros em todas as regiões do país.

A iniciativa contou com o apoio do BNDES e ao todo demandou investimento de R$ 224 milhões.