A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública de interesse internacional pelo surto do novo coronavírus. O vírus começou a circular no fim de dezembro em Wuhan cidade com 11 milhões de habitantes localizada na China Central. Os relatos inicias indicavam que uma 'doença misteriosa' estava infectando as pessoas rapidamente, desencadeando pneumonia. Em janeiro deste ano a China anunciou as primeiras mortes e na sequência o crescimento desenfreado de registros. A China contabiliza 2.592 mortes por conta do vírus e outros 77.150 casos de infectados, a maioria na província de Hubei.

O surto voltou a ganhar contornos dramáticos recentemente na Itália. Há pelo menos doze mortes confirmadas e onze cidades passaram a ser controladas pelas autoridades sanitárias, todas localizadas no norte do país. Autoridades informam ainda que existem pelo menos 219 pessoas contaminadas - uma foi curada. O carnaval de Veneza, um dos mais tradicionais do mundo, foi cancelado, assim como eventos esportivos e desfiles de moda foram interrompidos ou transmitidos apenas pela internet.

Outro efeito da epidemia é sentido na economia. Desde o primeiro dia de surto, as empresas brasileiras exportadoras de commodities perderam quase R$ 48 bilhões em valor de mercado - a queda reflete a aversão ao risco em meio às incertezas sobre o impacto da doença. Há também o temos que uma escalada do vírus ainda maior na China comece a afetar mais diretamente a produção de empresas ao redor do globo, muitas dependentes do mercado chinês, duramente afetado.

No Brasil, o alcance da doença ainda é pequeno. As autoridades brasileiras controlam a chegada de passageiros de oito países: China, Japão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Singapura, Vietnã, Camboja e Tailândia. No último domingo, 23, todos os brasileiros resgatados de Wuhan, e que cumpriam quarentena de 14 dias em base aérea localizada em Anápolis (Goiás), foram liberados para voltarem a seus estados de origem. Nenhum deles contraiu o vírus.

No dia 23, o Brasil entrou em alerta para risco de transmissão do coronavírus.. No dia 25 de feveireiro, o Brasil confirmou o primeiro caso da doença, de um homem de 61 anos que viajou a trabalho para Itália. O País reconheceu “emergência de saúde pública em território nacional” por causa do avanço da doença, elevando o grau de risco ao nível 3, o mais alto na escala.

A China modificou o método de diagnóstico pelo coronavírus, passando a incluir na estatística os casos diagnosticados clinicamente. Com isso, os números dispararam. Até o dia 18 de fevereiro, o número de mortes pelo novo coronavírus chegou a 1.870, a quase totalidade na China. O total de infectados pela doença chega a 72,5 mil. Foram da China, há registro do vírus em 25 países.

Veja a seguir perguntas e respostas sobre o novo coronavírus:

O que é o novo coronavírus registrado primeiro na China?

A hipótese mais provável é que a fonte primária do vírus seja animal e que ele tenha começado a circular em um mercado de frutos do mar em Wuhan, na China. Nesse mercado, além de frutos do mar, são vendidos animais silvestres vivos, como morcegos. Autoridades ainda não confirmaram qual foi o suposto animal infectado ou como a transmissão teve início, mas um estudo feito por pesquisadores chineses mostra que o surto pode ter começado em cobras ou morcegos. Coronavírus são uma grande família de vírus responsáveis por causar doenças em humanos. A maioria circula em animais como camelos, gatos e morcegos.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, os coronavírus animais raramente podem evoluir, infectar pessoas e se espalhar, como foi observado durante os surtos da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês) e da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) - esta última surgiu na China e deixou, entre 2002 e 2003, mais de 800 mortos ao redor do mundo. Isso geralmente acontece quando um ou mais vírus sofrem uma mutação e dão origem a uma nova cepa. Segundo o mesmo estudo chinês que apontou a origem da transmissão em cobras, o novo coronavírus pode ter surgido por meio de uma recombinação de dois outros vírus da mesma família, um deles vindo dos morcegos.

Há alguma restrição de viagem à Itália por causa do novo coronavírus?

Por enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) não fez nenhuma recomendação deste tipo e o Brasil também não deu essa orientação para a população. Alguns países, porém, já estão tomando essa decisão, como Bósnia, Croácia, Macedônia, Sérvia, Irlanda, Israel, de acordo com o jornal italiano La Repubblica. Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos recomendaram a seus viajantes cuidado. Já a França está colocando em quarentena viajantes que retornarem da Lombardia e do Vêneto, as mais afetadas, também de acordo com o jornal. O governo brasileiro só tem recomendado evitar viagens à China.

Quais regiões da Itália são as mais afetadas?

A porção norte da Itália é a que concentra a maior parte dos 229 casos já identificados, em especial os estados da Lombardia e do Vêneto. Pelo menos 11 cidades foram colocadas em quarentena: Casalpusterlengo, Codogno, Castiglione d'Adda, Fombio, Maleo, Somaglia, Bertonico, Terranova dei Passerini, Castelgerundo e Sanfiorano, na região da Lombardia, onde vivem cerca de 50 mil pessoas, e Vo 'Euganeo, no Vêneto, com quatro mil habitantes.

Devo cancelar minha viagem à Itália?

Apesar de a taxa de transmissão ser alta, a maior parte dos casos é leve e a taxa de mortalidade é de 3% para os casos mais graves. Pessoas jovens, sem nenhuma outra comorbidade, podem viajar, mas é preciso tomar precauções, visto que a doença pode ser transmitida, mesmo não causando sintomas. Segundo a OMS, dos registros na Itália, quatro em cada cinco infectados tiveram sintomas leves ou nenhum sintoma.

Se quiser cancelar a viagem, a companhia aérea me reembolsa?

O Código de Defesa do Consumidor estabelece que é direito do consumidor a proteção à sua vida e sua saúde, então, diante da epidemia, é possível negociar com companhias aéreas e agências de turismo. Como ainda não há recomendação da OMS para se evitar viagens, a decisão deve ser tomada caso a caso. Viajantes que iriam para eventos que forem cancelados também podem usar isso como argumento.

Se viajar à Itália, quais cuidados devo tomar?

Os cuidados são semelhantes aos da gripe. Lavar sempre as mãos, manter distância de 1,5 metro a 2 metros das pessoas infectadas ou que apresentem algum tipo de infecção respiratória, principalmente se forem provenientes de alguma região de risco. Outra medida que pode ajudar é o uso de máscaras.

Embaixada do Brasil em Roma afirma que governo não restringiu voos vindos da Itália

A embaixada do Brasil em Roma informou na manhã desta terça-feira, em nota, "que o governo brasileiro não estabeleceu restrições a voos provenientes da Itália" por causa do avanço do novo coronavírus naquele país. O órgão diplomático relatou manter contato com o governo italiano sobre a doença, para esclarecer a comunidade brasileira naquele país. "Até o momento, não se tem notícia de contágio na comunidade brasileira", relatou.

Na nota, a embaixada brasileira relata que o governo italiano toma as medidas necessárias para conter a difusão do vírus, principalmente nas regiões do norte do país. A embaixada cita um comunicado do governo local com uma série ações previstas e tomadas para frear o coronavírus.

Quais são os sintomas do novo vírus chinês?

O principal sintoma do novo coronavírus é uma febre forte, que pode vir acompanhada de tosse, aperto no peito, falta de ar e dificuldade de respirar. Alguns pacientes examinados tinham líquido nos pulmões, caracterizando pneumonia viral.

Como o coronavírus é transmitido?

Se sabe que a transmissão pode ocorrer pelo ar ou por contato com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, aperto de mão e contato com objetos ou superfícies contaminadas seguido de contato com boca, nariz ou olhos.

Como faço para me proteger?

Não há vacina nem medicação específica para o vírus. Para reduzir o risco, deve-se adotar medidas simples de higiene: lavar as mãos com frequência, principalmente antes de consumir alimentos; utilizar lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; não compartilhar objetos de uso pessoal; manter os ambiente bem ventilados; evitar contato próximo com pessoas que apresentem sintomas ou sinais da doença; ficar em casa se tiver resfriado ou gripe; quando possível, evitar aglomerações.

As máscaras cirúrgicas ajudam na prevenção?

As máscaras cirúrgicas podem ajudar a evitar a proliferação de infecções quando usadas corretamente. Segundo a Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para Trabalhadores da Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), elas impedem que as gotículas respiratórias de tosses e respiros, bem como substâncias do sangue, entrem na boca e no nariz.No entanto, não há evidências científicas de alta qualidade que indiquem a eficiência das máscaras fora dos hospitais. Além disso, elas não protegem a pessoa de patologias transmitidas por aerossóis.

Ao The New York Times, a presidente do comitê de saúde pública da Sociedade de Doenças Infecciosas da América, Julie Vaishampayan, afirma que as máscaras são a 'última linha de defesa'. Segundo a médica, lavar as mãos e evitar pessoas doentes são atitudes muito mais importantes.

Há diferenças de formas de se precaver de acordo com a idade?

Crianças pequenas estão mais propensas à infecção. Em pessoas com doenças cardiopulmonares, com sistema imunológico comprometido, ou idosas, é maior o risco de quadro mais grave, inclusive pneumonia. Nesses casos, as formas de prevenção são as mesmas, mas os cuidados devem ser redobrados.

Pessoas com outras doenças são mais vulneráveis ao coronavírus?

Segundo Celso Granato, as chances da pessoa se infectar dependem exclusivamente do grau de exposição dela ao vírus. No entanto, se ela tiver alguma doença crônica - como hipertensão, diabete, asma e cardiopatia - e for contaminada, poderá desenvolver os sintomas do coronavírus com mais gravidade.

Quais países já registraram o novo coronavírus?

Além da China, e das regiões autônomas de Hong Kong, Macau e Taiwan, há casos confirmados em outros 28 países: Coreia do Sul, Japão, Cingapura, Austrália, Malásia, Vietnã, Filipinas, Camboja, Tailândia, Índia, Nepal, Sri Lanka, Estados Unidos, Canadá, Itália, Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, Espanha, Bélgica, Finlândia, Israel, Suécia, Irã, Emirados Árabes, Egito, Líbano.

O novo coronavírus tem um nome?

Sim. A Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou a doença de Covid-19. De acordo cm a OMS, o objetivo era definir um nome que não se referisse a uma localização geográfica, um animal, um indivíduo ou grupo de pessoas, e que também seja pronunciável e relacionado com a doença.

Tenho viagem marcada para a China, devo cancelar?

O Ministério da Saúde atualiza diariamente em seu portal na internet as áreas com transmissão local de acordo com as informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A pasta desaconselhou viagens para a China, depois que a OMS passou a considerar o país todo como área de transmissão. Conforme o ministério, viajar para a China só em caso de extrema necessidade.

Estou com gripe comum, posso viajar mesmo assim?

Em todos os aeroportos foram reforçadas a vigilância e as orientações para notificação de casos suspeitos do novo coronavírus. Se você tem sintomas que podem ser confundidos com essa doença, como tosse, espirros e febre, é recomendável que não viaje, pois pode ter de se submeter a exames e outras formas de investigação do quadro, quando em trânsito. Em alguns aeroportos, existem scanners que detectam quadro febril, por exemplo.

Durante a viagem, que cuidados devo tomar no aeroporto, no avião e em hotel?

No avião, pode-se usar máscara cirúrgica que ajuda a reduzir o risco. As equipes em terra foram orientadas para medidas extras de higiene dos aviões, porém, em caso de dúvida, solicite uma toalha higiênica descartável para repassar a limpeza da bandeja e do encosto. Fique atento para possíveis solicitações de lista de viajantes para investigação de contato. No táxi, tenha o menor contato possível com maçanetas e bancos. No hotel, é importante observar as condições de higiene e desinfecção do quarto, banheiros e áreas de uso comum.

Há casos de coronavírus no Brasil?

O país tem um caso confirmado da doença, em São Paulo, de um homem de 61 anos vindo da Itália. O Brasil já repatriou cidadãos que estão em Wuhan, epicentro da doença. Eles cumpriram até o último domingo, dia 23, quarentena em uma base aérea em Anápolis. Nenhum deles apresentou sintomas da doença. A mesma medida já foi tomada por outros países como Estados Unidos e Japão.

Quem está no Brasil, quando deve procurar o serviço de saúde?

O paciente precisa possuir o critério clínico - que é febre acompanhada de sintomas respiratórios (tosse, espirros, dificuldade para respirar) - e atender uma dessas situações: ter viajado nos 14 dias anteriores para a China (período da incubação do vírus) ou ter tido contato próximo com um caso suspeito ou confirmado de coronavírus. Na unidade de saúde, o paciente deve ser encaminhado para unidade de referência para a doença.