Câncer de cabeça e pescoço é o nome que se dá ao conjunto de tumores que se manifestam na boca, faringe, laringe, glândulas salivares, seios da face e cavidade nasal.
De acordo com dados recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados para este ano 11.200 novos casos em homens e 3.500 em mulheres, representando o segundo tipo de neoplasia de maior incidência entre eles e o quinto mais comum entre elas.
Roberto Fonseca, oncologista e diretor da Oncomed-BH, explica que os tumores de cabeça e pescoço são mais frequentes na população masculina do que na feminina pelo fato de a exposição a fatores de risco que podem levar ao aparecimento da doença ser muito mais frequente nos homens. “Quando se leva em conta a incidência de todos os tumores que aparecem nessa região do corpo, observamos que o diagnóstico mais frequente é a partir dos 60 anos de idade”, diz.
Entre os tipos de carcinomas mais comuns nos cânceres de cabeça e pescoço está o de laringe, que representa também a segunda forma de tumor respiratório mais presente no mundo, perdendo apenas para o de pulmão. “De uma regra geral, essa neoplasia incide mais em homens acima de 40 anos”, destaca Fonseca.
Indício
Os sintomas do câncer de cabeça e pescoço variam de acordo com a localização primária do tumor. Por isso, deve-se observar se existem feridas de difícil cicatrização na boca ou na garganta, dificuldade para engolir, sangramento ou dor durante a escovação dos dentes.
O especialista aponta ainda que nódulos no pescoço e rouquidão também podem estar relacionados à doença. “Pessoas com algum desses sinais ou sintomas que persistem após 30 dias de evolução devem procurar assistência médica”, frisa.
Motivos
Vários fatores de risco são responsabilizados pelo aparecimento da patologia. O principal deles está ligado ao tabagismo, particularmente quando associado ao consumo de bebidas alcoólicas.
Além disso, a excessiva exposição à radiação solar, principalmente durante o período de 10h às 16h, pode aumentar o número de casos de câncer de lábio. Dietas pobres em frutas e vegetais, má higiene bucal e refluxo gastroesofágico são outras causas para o aparecimento da doença.
Conforme salienta Fonseca, outro fator de risco é a infecção pelo papilomavírus (HPV), responsável pelo aumento da incidência do câncer de faringe. “Estima-se que 7% da população brasileira pode ser portadora do vírus HPV, que está detectado na cavidade oral. Ou seja, estamos falando de cerca de 14 milhões de pessoas potencialmente em risco de desenvolver a enfermidade”.
Ainda de acordo com o profissional, a maneira mais comum de adquirir a infecção pelo vírus está relacionada à pratica de sexo oral.
Cuidado
Já quando o assunto é prevenção, Fonseca destaca que manter hábitos de vida saudáveis, por meio de uma boa alimentação e prática de atividade física, além da vacinação contra o HPV em adolescentes, pode reduzir a incidência dos tumores.
O sistema Único de Saúde (SUS) fornece, gratuitamente, a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
Para os portadores de HIV, a faixa etária é mais ampla, de 9 a 26 anos. Outros grupos etários podem dispor das vacinas em serviços privados.
Diagnóstico precoce pode salvar vidas
Com objetivo de disseminar informações sobre prevenção e detecção precoce contra o câncer de cabeça e pescoço, é comemorado mundialmente o Julho Verde.
A campanha mostra dados importantes para conscientizar as pessoas sobre a relevância do diagnóstico precoce, uma vez que as chances de cura podem chegar a 80%.
Para efetuar o procedimento, é necessário que o paciente faça uma avaliação clínica – que muitas vezes pode ser realizada por um médico ou dentista, sem necessidade de equipamentos especiais –, além de biópsia e exames de imagem, como tomografia, ressonância magnética ou tomografia por emissão de pósitrons (PET, do inglês positron emission tomography).
Em caso de tratamento, o procedimento é feito dependendo de localização, características e extensão do tumor, que pode incluir cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, realizadas isoladamente ou em combinação.