Sol, calor, férias. O período do verão – entre dezembro e março – também é marcado pelos perigos inerentes à exposição solar e que se tornam ainda mais preocupantes quando há um descuido com a proteção solar. Pesquisa feita pelo Ibope Conecta com 2.000 internautas mostra que sete em cada dez brasileiros não aplicam o protetor diariamente.

A negligência com os cuidados da pele é ainda pior entre os homens, revela o levantamento. Apenas 20% deles usam o filtro solar todos o dias. Entre as mulheres, o número sobe para 42%.

Segundo o dermatologista Elimar Costa, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, o desconhecimento e o preconceito são os principais motivos. “Além de não saberem a gravidade dos problemas causados – que podem levar à morte em situações crônicas –, os homens brasileiros atribuem o uso do protetor solar à estética, e não à saúde, achando que isso é apenas uma coisa que mulheres deveriam fazer”, afirma o médico.

É o que acontece com o universitário Beto Amora, 22. O jovem tem um protetor solar dentro da mochila desde o ano passado, mas usou o produto apenas duas vezes. “Eu simplesmente esqueço de usar porque não tenho o hábito, não fui educado para usar todo dia. E, mesmo sabendo dos riscos, muitas vezes eles não aparentam ser tão graves”, diz.

A pesquisa aponta ainda que 42% dos homens desconhecem que verrugas e nódulos de cor vermelha ou arroxeada podem sugerir um quadro de câncer de pele. E, entre aqueles que conseguiram identificar, menos da metade (48%) procurou um dermatologista.

Confira AQUI algumas dicas para aplicar o filtro solar corretamente.

Preço alto. As consequências da falta de aplicação do protetor na pele podem ser envelhecimento, manchas, queimaduras, doenças cutâneas, lesões pré-cancerígenas e, em casos mais graves, cânceres como não melanoma, melanoma e tumores raros (como o câncer de Merckel, com uma taxa de sobrevivência de apenas 20% depois de cinco anos do diagnóstico).

A prevenção, nesses casos, continua sendo a melhor saída, tanto para homens quanto para mulheres. “O filtro solar é o item de maior impacto na prevenção do câncer de pele, o tipo que mais atinge os brasileiros. Atualmente, os preços estão mais acessíveis, e dispomos de filtros diversificados que atendem todo tipo de pele”, frisa o dermatologista Bruno Vargas.

Para uma ação mais eficaz na pele, a orientação é procurar um dermatologista antes de comprar o produto.

Câncer de pele. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), até o fim deste ano, 600 mil novos casos de câncer de pele terão sido registrados no país.

Desconhecimento entre os mais novos

A falta de informação se acentua entre as faixas mais jovens ouvidas pela pesquisa. Quase metade dos entrevistados de 16 a 24 anos, ou 49% desse grupo, não sabe que verrugas ou nódulos de cor vermelha ou arroxeada podem ser sinais de câncer de pele.

Quando se analisa o uso de protetor solar, há poucas diferenças entre as faixas etárias. Entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, apenas 33% aplicam o produto diariamente, e a porcentagem é a mesma na faixa etária daqueles com 55 anos ou mais.

Segundo o dermatologista Elimar Costa, as razões por trás desses resultados podem estar na falta de campanhas para os mais jovens. “Isso acontece porque temos ausência ou deficiência de programas de educação e conscientização sobre o tema e seus perigos nas escolas e em outros lugares que esses jovens frequentam”, afirma.

Para o médico, o acesso às informações sobre o câncer de pele é facilitado aos mais velhos porque essa parcela da população é a maior vítima da doença ou, senão, tem parentes ou amigos da mesma faixa etária que também sofreram. “Para melhorar a situação, é necessária uma ação conjunta da sociedade civil, das empresas e do poder público”, pontua.