“Pai de cão”

Série da Netflix mostra amor de um tutor por seu cão

Lançada em maio na plataforma Netflix, a série “É o Bruno! aborda, pelo veio da comédia, a relação entre um nova-iorquino e seu cão

Por Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2019 | 03:00
 
 
Malcom (Solvan Naim) observa seu cão, Bruno, em cena de “É o Bruno!” Foto: Netflix/Divulgação

São apenas oito capítulos, de aproximadamente 15 minutos cada. Mas o que o simpático cãozinho mescla de pug e beagle viveu na série “É o Bruno!”, vamos combinar, vale por uma vida – como um sequestro e a tentativa de um segundo. Lançada em maio, a série da Netflix flagra Malcom (o ator estadunidense, de origem argelina, Solvan “Slick” Naim, também escritor e rapper) e seu cão, o Bruno do título. Na verdade, Bruno é o nome real do cão-ator, que de fato pertence a Naim.

Embora tenha um animal como protagonista, “É o Bruno!” não se destina ao público infantil – a classificação é “16 anos”. Feita a ressalva, a atração tem colhido elogios por mostrar, pelo viés da comédia, situações que, guardadas as proporções, encontram respaldo na realidade. Quem nunca viu um cão se esfregando na perna de um humano, como a simular um ato sexual? E que tutor nunca temeu uma reação agressiva de seu cão diante de uma abordagem abrupta nas ruas?

Pegando carona na série, o adestrador Cristiano Soares Damião, dono da Dog Is Cool, empresa de adestramento, fala de alguns dos tópicos tratados em “É o Bruno!”. Confira!

Roçando na perna. Na série, não é o Bruno que age assim, mas o cão de um dos amigos de Malcom. Para Cristiano, nesse caso, o tutor deve atuar em duas frentes. De pronto, discutir com o veterinário de sua confiança a castração, assim como a melhor idade para fazê-la. “O procedimento geralmente já resolve esse comportamento, ainda que cada caso seja um caso”, diz. A outra frente é que o tutor nunca reforce essa prática. “Se você deixa a perna (como acontece na série) ou mesmo um brinquedo para o cão agir assim, está reforçando o comportamento dele. Daí, é grande a possibilidade de a situação se repetir”, frisa. Uma alternativa é a “punição negativa”, quando se retira temporariamente do cão algo que ele gosta, “o que não gera dor nem é agressivo”. Exemplo? O dono sair do ambiente. “Cães costumam entender esses recados”, diz Cris.</CW>

Comer as fezes. Não, Bruno não faz isso. Mas a pet shop da série exibe um produto destinado a coibir esse hábito (coprofagia) que, segundo Cristiano, ocorre mais com filhotes. “E é mais recorrente em certas raças. Vale levar o cão ao veterinário para avaliar se há algum problema de saúde, como vermes, e se a alimentação está balanceada, se o animal está bem nutrido”. Mas a conduta também pode ser desencadeada por quadros de ansiedade ou estresse. “O tutor deve garantir a seu cão uma rotina diária que inclua atividade física adequada, atividade mental (truques nos quais ele tenha que raciocinar para executar ou por meio de brinquedos cognitivos) e atividade social (contato com outros animais e pessoas)”, aconselha.

Ei, Pode passar a mão? Na série, Malcom fica bravo se alguém mexe com Bruno. Cris confirma: há tutores que não apreciam que acariciem seus cães. “Bem, é uma postura particular do tutor. Mas a socialização do animal é recomendável, sua privação pode levar o pet a ficar medroso ou até agressivo. E, como forma de autodefesa a uma situação inesperada que se apresentar, pode rosnar, mostrar os dentes e até morder. Mas, antes disso, costuma emitir sinais de estresse. O dono deve ficar atento”, avisa.

Curiosidade

Recomendação. “É o Bruno” tem classificação etária “a partir dos 16 anos”. Explica-se: há cenas de uso de drogas, insinuações de sexo e, ainda, algumas pitadas de violência. 

Cenário. A história transcorre no bairro de Bushwick, no Brooklyn, 
e polvilha críticas à invasão hipster da região, citando uma eventual gentrificação. A série também ironiza a busca incessante pela fama e discorre sobre como a ética vem perdendo espaço nos dias atuais.

Edição dinâmica se sobressai

Não é certo engatar “É o Bruno” de primeira. Não que o cão não atraia – ao contrário. E o ator, Solvan Naim, é carismático e talentoso. Mas incomoda uma certa estereotipização nas representações dos latinos que habitam o bairro do Brooklyn, onde a história se passa. Não bastasse, são generosas, as pitadas de escatologia. Mas a edição é dinâmica e, vencida a resistência, não estranhe ao se flagrar dando risadas.