Entrevista

Sobrevivente de câncer linfático conta sua história de superação 

Danilo Vilela Prado - Especialista em direito público

Por Da Redação
Publicado em 25 de março de 2014 | 03:00
 
 
“O Templo dos Guerreiros” - Danilo Vilela Prado - Editora Livre Expressão, R$ 35,00 Foto: Reprodução

A experiência sofrida e solitária de um linfoma não Hodgkin (câncer linfático) transformou a vida de Danilo Vilela Prado, 53, nascido em Paraguaçu, no Sul de Minas Gerais, auditor fiscal da Receita Estadual, licenciado em letras, especialista em direito público e administração pública. Ele conta em seu livro “O Templo dos Guerreiros” como buscou a harmonia entre corpo, mente e espírito.


Este é seu primeiro livro. A vivência de um câncer tão agressivo foi a sua motivação para escrevê-lo?

Sim, e a ideia surgiu durante as sessões de quimioterapia e radioterapia para combater um linfoma não Hodgkin (câncer linfático). Pessoas que passam por essa experiência sabem que são muitos os efeitos ruins, tanto físicos quanto psicológicos e até sociais, porque o câncer é envolvido em mitos. Durante o tratamento, não encontrei textos que auxiliassem a resolver várias dificuldades. Por isso, registrei no livro a minha experiência, para ajudar os portadores de câncer a superar situações de angústia e desespero, com regras simples e objetivas. Por exemplo, como enfrentar a expressão de piedade das pessoas, ou como agir diante da perda de cabelos e da fisionomia debilitada, contar às pessoas sobre a doença ou escondê-la.


Como o senhor descobriu a doença?

Eu tinha 48 anos e os primeiros sintomas foram os grandes problemas. Por praticar esportes há mais de 32 anos não identifiquei os sintomas mais comuns, como suar em excesso à noite, coceira e pequena perda de peso. Só procurei o médico depois de ligeira falta de ar e diminuta dor no peito. Nada indicava doença grave, pois pratiquei exercícios físicos intensos nos cinco dias que antecederam a descoberta da enfermidade. Os sintomas, segundo o Instituto Nacional de Câncer, são: aumento dos linfonodos do pescoço, axilas e/ou virilha; sudorese noturna excessiva; febre; coceira e perda de peso sem explicação. No meu caso, o linfoma foi quase assintomático, invisível e silencioso.


Qual a sua crença religiosa e o que mudou após a descoberta do câncer?

Sou católico e a fé ajudou a enfrentar a doença. Pesquisas comprovam que pessoas com fé, esperança e que acreditam no futuro, têm mais chances de superar as dificuldades. Além disso, tive disciplina, força de vontade e segui fielmente as prescrições médicas. A luta do doente é sempre solitária. Por mais que as pessoas queridas deem apoio, quem decide o próprio destino é o doente. Na primeira sessão de quimioterapia, o oncologista disse que 70% da cura depende do paciente e 30% dos medicamentos. Esse comentário foi incentivador. A partir da decisão de ser curado, procurei recursos mentais nunca explorados. Assim, criei métodos alternativos complementares para auxiliar o tratamento, baseados em meditação e em técnicas de obtenção do otimismo. Somados os métodos, as orações e o carinho das pessoas, os efeitos pesados do tratamento foram amenizados.


Como o senhor está hoje?

A experiência da superação foi fascinante. Descobrir potenciais ocultos, enfrentar o inimigo poderoso, os mitos, as fases de fadiga, evitar a depressão, pensar positivo em meio ao caos, encontrar métodos eficazes e fáceis de aplicar me tornaram muito mais feliz. Minha vida atual é espetacular, porque tenho no currículo a mais importante vitória que um ser humano pode desejar: derrotar a perspectiva de morrer. Meu tumor no mediastino (espaço entre os dois pulmões) tinha quase o tamanho de um ovo de galinha e havia mais dois tumores menores no pescoço. Era do tipo de câncer que dobra de tamanho a cada quinze dias e é muito agressivo. Estou curado.


Conte-nos mais sobre “O Templo dos Guerreiros”.

É o conjunto, corpo, mente e espírito dos seres humanos, porque, além de nossa inteligência, temos reservado um espaço interior no qual Deus habita. Portanto, se Deus está presente em cada um de nós, somos uma parcela dEle. Por consequência, o nosso corpo é um templo. Em cada corpo humano há uma mente (consciente e inconsciente) e um espírito, que permitem às pessoas o livre-arbítrio para decidir sobre a própria vida. Obter a harmonia entre o corpo, a mente e o espírito dá mais poder aos seres humanos e aumenta as possibilidades de vitória e realização. Somos geneticamente programados para lutar contra as adversidades. Por conseguinte, somos guerreiros. Entre os melhores estão aqueles que conseguem a harmonia interior. Daí a razão do título “O Templo dos Guerreiros”.


De que forma as terapias alternativas ajudaram na sua cura?

A ciência tem vários estudos que comprovam que as terapias alternativas são poderosas aliadas dos doentes. O Sistema Único de Saúde (SUS) aprova tais terapias, inclusive a meditação, incluída na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Os métodos que usei aliviaram os efeitos pesados dos medicamentos, proporcionaram melhor qualidade de vida, fortaleceram meu sistema imunológico; mas, principalmente, trouxeram realizações e alegrias durante toda a jornada de quase nove meses. As técnicas das quais me vali são reconhecidas pela ciência, nos estudos de psiconeuroimunologia, que estuda como os pensamentos e as emoções influenciam o sistema imunológico. No livro, faço citações de estudos da neurociência a respeito dos métodos que empreguei.


O que o senhor descobriu durante esse processo de imersão em si mesmo?

Que somos mais fortes do que imaginamos, dotados de recursos mentais que não usamos, mas que estão à nossa disposição. Basta ter disciplina e força de vontade para retirar de nosso interior os nossos potenciais ocultos. Aprendi que quando decidimos ser otimistas os obstáculos são vencidos com mais facilidade e rapidez. Busquei o autoconhecimento e fui agraciado por Deus ao encontrar as soluções de que precisava.


Qual a mensagem para outras pessoas que estão enfrentando doenças agressivas?

Nunca desistam, por piores que possam ser as perspectivas. A humanidade tem milhões de exemplos de pessoas que venceram dificuldades que pareciam intransponíveis. Um deles é o de Nelson Mandela. Parecia ser impossível libertar o próprio povo, mas ele conseguiu mudar para melhor o destino de milhões de compatriotas. Da mesma forma, são comuns os casos de pessoas que os médicos disseram que não tinham esperança e mesmo assim sobreviveram espetacularmente. Todos nós conhecemos pessoas fortes. Então, sejamos também fortes. Deus nunca abandona aqueles que decidem lutar pela vida. Tenhamos sonhos, façamos projetos, acreditemos no futuro e teremos de Deus o presente da realização.

O livro pode ser adquirido pelo e-mail do autor danilovprado@gmail.com, na Livraria Interminas (avenida professor Alfredo Balena, 181); na AFFEMG (rua Sergipe, 893), no site da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Acesse: http://loja.abrale.org.br/todos/livro-o-templo-dos-guerreiros.