Sucesso

Mercado de games cresce 15% no Brasil

Facilidade de acesso, pelos smartphones, tem aumentado busca de brasileiros por jogos virtuais

Sáb, 16/02/19 - 02h00
Evento. Capital sediou a ESL One, competição com oito das melhores equipes do mundo, em 2018 | Foto: Divulgação/Hltv.org

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Quando o estudante de jornalismo Ricardo Vaz, 23, resolveu abandonar a graduação e treinar atletas de jogos virtuais, a família ficou apreensiva. Trabalhando há um ano em Vitória (ES), o jovem faz parte de um mercado que, no ano passado, movimentou US$1,5 bilhão no país. A cifra é 15,3% maior do que os US$ 1,3 bilhão faturados em 2017, de acordo com dados levantados pela Newzoo, uma das principais condutoras de pesquisas da indústria de games.

Segundo Vaz, apesar de muitos ainda não entenderem o eSports (jogos eletrônicos) como profissão, a carreira virtual vale a pena. “A empresa para qual trabalho arca com os custos da casa, as contas do mês, alimentação e ainda me pagam um salário”, revela o coach que hoje orienta cinco jogadores virtuais. Ainda segundo o jovem, existem diversos campeonatos virtuais que acontecem no Brasil e no mundo, e que são abertos a qualquer pessoa. Porém, para ter chances reais de vencê-los, ele passa dez horas por dia em frente ao computador traçando estratégias de competição.

Crescimento

De 2014 a 2018, o número de desenvolvedoras de jogos cresceu 164% no país, passando de 142 para 375, segundo o Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais (IBJD).

Em Minas Gerais, Estado que mais cresceu no segmento, já são 32 desenvolvedoras formais e informais atuando na criação de novos games. Uma delas é a Patada!. Com apoio de editais e reuniões com clientes corporativos, o designer e desenvolvedor de games da empresa, Adler Castro, 30, conseguiu um acordo com um cliente internacional, no fim do ano passado. “Fechamos esse contrato em parceria com outro estúdio aqui de BH. Hoje ele sustenta a empresa, enquanto dedicamos para nossos projetos próprios em 2019”, conta.

Jogos sempre à mão

Conforme os dados do Censo, entre 2016 e 2017 foram produzidos no Brasil 1.718 jogos, sendo 43% para celular. No mesmo período, o número de jogadores virtuais saltou de 66,3 milhões de players, em 2017, para 75 milhões, em 2018. Para o gerente geral da Brasil Game Show, Renan Barreto, o crescimento no número de usuários é resultado da facilidade de acesso aos jogos pelos smartphones. “Fácil acesso aos jogos gratuitos e em plataformas diversas, como celulares e tablets, faz com que quem já tem interesse pelo assunto, acabe consumindo mais”, avalia.

 

Profissão tem vasto mercado de atuação

Desde 2010, quando o Ministério da Educação (MEC) incluiu no Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia o curso de Tecnologia de Jogos Digitais, o mercado de trabalho na indústria de games passou a atrair interessados em seguir a carreira de game designer. Para o professor do curso na PUC Minas e coordenador do Centro de Inovação da Microsoft da universidade, Marcos Arrais, apesar da grande expectativa dos alunos em trabalhar nas desenvolvedoras internacionais, a área de atuação no Brasil é vasta.

“O profissional formado nesta área pode atuar em agências de comunicação, com desenvolvimento de simuladores de carros, de plantas e projetos de engenharia e outros”, diz. O professor conta que o curso, que tem duração de três anos, abrange o processo de criação de roteiro e artes, design gráfico, construção de programação, além de gerenciamento e narrativa de games. Ainda segundo o professor, depois de três a quatro anos de atuação no Brasil, esses profissionais podem seguir carreira internacional.

Ranking

Indústria. Segundo a Newzoom, uma das principais condutoras de pesquisas sobre games, o Brasil ocupa o 13º lugar no ranking mundial da indústria de games e o segundo lugar na América Latina.

 

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