Após o primeiro dobrável da Samsung, Galaxy Fold, lançado no segundo semestre do ano passado, ter ganhado notoriedade por sua fragilidade, novos smartphones do tipo estão apresentando avarias neste ano. Nas redes sociais, pessoas que adquiriram os modelos Galaxy Z Flip, que também é produzido pela sul-coreana e foi lançado no início deste mês, e o Motorola Razr, que chega ao Brasil ainda neste trimestre, relatam que a tela dos dispositivos se quebrou com apenas alguns dias de uso. O valor cobrado pelos aparelhos deve girar em torno de R$ 9.000 no país. Em nota a Samsung afirmou que “a tela de vidro dobrável do Galaxy Z Flip passou por todos os protocolos de teste e fabricação que atendem às diretrizes de qualidade da empresa”. Procurada, a Motorola não havia respondido até o fechamento desta reportagem.

Os problemas reacenderam o alerta gerado pelo Galaxy Fold. Em abril de 2019, as unidades de análise encaminhadas à imprensa quebraram em poucas horas. O drama foi relatado primeiro pelo editor do portal de notícias norte-americano The Verge, especializado em tecnologia. Na época, o jornalista relatou que um vinco entre a tela e o corpo do aparelho, que existe para que o painel possa ser dobrado, possibilitou a entrada de poeira abaixo do display, que o danificou. A tecnologia usada na primeira tentativa da Samsung de dobrar telas é diferente daquela utilizada no novo modelo. Antes, o painel era feito completamente de plástico. Neste ano, o celular da sul-coreana veio equipado com um vidro especial, o que teoricamente garantiria maior durabilidade ao aparelho. O Razr, da Motorola, também usa a técnica aplicada ao Galaxy Fold, com a tela constituída em plástico.

O especialista em tecnologia da Universidade de São Paulo (USP) Renato Franzin afirma que os problemas apresentados pelos dobráveis não fogem do que era esperado. Ele acredita que o lançamento desses produtos, que ainda não estavam no nível de maturação tecnológica que se costuma observar em aparelhos vendidos no varejo, foi um movimento para tirar os dobráveis do laboratório e tentar “ver o que acontece” com os produtos no mercado.

No Brasil, esses aparelhos devem demorar ainda mais para ser uma opção viável, defende Franzin. “No nosso mercado, só vamos sentir o efeito dessa onda lá para a frente. Ninguém vai comprar esses dispositivos por R$ 9.000. Mesmo que tenhamos mercado para quem está disposto a pagar esse valor em um telefone, é necessário que ele não tenha o risco que os dobráveis têm atualmente”, ressalta.

Especificações

A principal diferença entre os dobráveis da geração atual são o design e os componentes internos dos aparelhos. A Motorola apostou na nostalgia ao desenhar o Razr, que possui traços semelhantes aos do antigo Motorola Razr V3, e a Samsung investe em velocidade e alta capacidade de processamento.

Flash

Futuro. Primeiros protótipos de notebooks com tela dobrável foram apresentados na Consumer Electronics Show 2019, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, realizada em Las Vegas.