Material escolar: aprenda a traçar um plano econômico

Por muito tempo, a opção pelos livros usados foi a principal tática para economizar nas compras do material escolar. Atualmente, como a grande maioria das escolas tem adotado apostilas próprias, já não dá mais para contar com essa artimanha financeira. O jeito agora é apostar na velha e boa pesquisa de preços e no velho e bom ditado “a união faz a força.” Segundo a gerente da Serasa, Patricia Camillo, uma dica muito eficiente é formar grupos de compra coletiva. “Quando vários pais se juntam para comprar no atacado, eles conseguem comprar em grande escala e, consequentemente, recebem descontos maiores”, afirma. 

De acordo com a economista, o primeiro passo para manter os gastos equilibrados é comprar com antecedência. Mas como já estamos a duas semanas da volta às aulas, quem ainda não comprou precisa recalcular o caminho da economia. “É a lei da oferta e da demanda. Se você for deixar para o começo do ano, vai achar as lojas muito cheias e, se tem muita gente procurando, os preços estarão mais caros. Então a sugestão é avaliar bem a lista. Aqueles itens que você sabe que não serão imediatamente cobrados no começo das aulas, deixa para comprar nos meses seguintes, quando os preços baixarem. Assim, você vai conseguir diluir seus custos”, afirma Patrícia.

Seja qual for o momento, a pesquisa de preços deve guiar a compra. “Compare os valores em sites e também nas lojas físicas. A diferença costuma ser muito grande e, com esse cuidado, é possível gastar menos”, destaca a gerente da Serasa.

Busque boas condições

E não é só no preço que a pesquisa vai garantir economia. É um momento de buscar os estabelecimentos que oferecem melhores condições. O gerente da Leitura do shopping Estação, Wanderson José Chagas, lembra que, antigamente, as lojas especializadas até compravam livros usados na mão dos pais.

“Isso rendia um desconto grande na hora dos pais comprarem a lista nova. E a gente vendia os usados mais baratos. Agora, eu calculo que pelo menos 70% das escolas estejam adotando material com apostilas próprias, então não dá mais para fazer isso. Os pais perderam essa opção da pechincha”, lamenta Chagas. 

Sem a possibilidade da troca ou compra dos livros usados, os pais começaram a ser atraídos por prazos mais elásticos. “Conseguimos repassar para nossos clientes o prazo que temos com nossos fornecedores, e oferecemos parcelamento de até 10 vezes sem juros”, afirma o gerente. A loja também está dando um livro paradidático de brinde para quem comprar a lista. 

Levar ou não levar os filhos? Eis a questão 

Levar ou não levar os filhos para comprar o material escolar? Eis a questão. Há uma ala de economistas que defende veementemente que as crianças fiquem em casa, para evitar que os pais caiam em tentação de atender os desejos de consumo dos pequenos e façam gastos desnecessários. Entretanto, psicólogos e consultores financeiros chamam a atenção para a oportunidade de transformar este momento em aprendizagem.

A psicóloga Joziane Maciel destaca três lições importantes para as crianças. “Primeiro, vai trazer uma noção de responsabilidade, pois quem participa tem a tendência de ter mais cuidado no uso do material, sem falar que vai ter mais prazer em usar o que escolheu. O segundo aprendizado é a organização do material. E o terceiro são os limites, pois as crianças vão entender que não podem levar tudo”, destaca. Entretanto, Joziane ressalta que, para que de fato a compra do material traga aprendizado, os pais precisam traçar combinados bem definidos.

O consultor Silvio Azevedo defende que os pais envolvam as crianças, para construir a educação financeira desde pequenas. “Muita gente não gosta de levar com medo da birra e porque tem medo de falar não. Uma sugestão é apresentar duas opções, dentro do seu orçamento, para que a própria criança escolha”, sugere.

LEIA MAIS:

Confira todas as reportagens da série especial da Mais Conteúdo sobre educação: "De volta às aulas: velhos e novos desafios".