Do Grupo A.R.G, a Carapreta, de carne bovina, ovino e pescado, é uma gigante do agronegócio, com três fazendas no Norte de Minas, 70 mil cabeças de gado, três indústrias e produção sustentável considerada case inédito na COP 26, como conta o CEO Vitoriano Dornas à coluna Minas S/A de O Tempo.
Por quais empresas é formado o grupo mineiro A.R.G, que produz a marca Carapreta?
O grupo A.R.G é o detentor da Carapeta, empresa de agronegócio do grupo, que tem atuação nos segmentos de construção pesada, óleo & gás e real state. Está no mercado desde 1978. A visão é produzir as melhores proteínas de origem animal do mercado mundial. Com essa visão, dos cinco melhores restaurantes do Brasil listados na “Forbes”, dois – A Figueira Rubaiyat e Varanda – são de carne, e nos dois a carne é da Carapreta. No ano passado fomos a primeira empresa do Brasil a ter certificação internacional de bem-estar animal Certified Humane – de bovinos e ovinos.
Qual é o tamanho das fazendas do grupo?
A Carapreta tem um modelo de negócio verticalizado de produção de proteínas (bovina, ovino e pescado, a tilápia), que tem o controle total da cadeia, desde a produção nas fazendas com área próxima de 30 mil hectares e tendo três indústrias (de bovino, pescado e ovinos), sendo duas delas a de pescado e a de ovino na fazenda Santa Teresinha. São três fazendas: Santa Mônica, Santa Terezinha de Jequitaí e Santa Teresinha. A Santa Mônica e a Santa Teresinha ficam em São João da Ponte, e a Santa Terezinha de Jequitaí, em Jequitaí. Todas no Norte de Minas. O frigorífico de carne fica em Contagem. Há três anos, iniciamos a plantação de soja em 2.000 hectares. A soja é vendida para uma trade para exportação.
A expansão passa pelo aumento de área também?
Ainda temos verticalização na área. Acabamos de fazer investimento de mil hectares de pivôs. Estamos expandindo a área de energia de R$ 17 milhões para uma planta solar de quatro megawatts (MW) que fica pronta em fevereiro. Já temos 2 MW (biodigestor) de energia e que também trata todo o esterco e resíduo, reduzindo a emissão de metano e gerando um substrato que é utilizado nas lavouras de milho e soja, o que reduz o custo em 17% de adubação. E reduzindo a adubação química por adubação orgânica. A planta solar vai se expandir para ser autossuficiente em 2023.
Por que investir R$ 1 bilhão no Norte de Minas?
Esse investimento vem desde a construção em infraestrutura das fazendas, passou pela construção de três indústrias e a partir de infraestrutura de fábrica de ração, confinamentos, estrutura de armazenagem de grãos e silos, infraestrutura interna de estradas para movimentar os insumos, em tecnologia em sistema de governança de dados (R$ 20 milhões no SAP) para controlar o negócio e aquisição de tecnologias de máquinas agrícolas e equipamentos tanto nas fazendas quanto nas indústrias e operação logística. Em 2019, optamos por lançar o nome Carapeta, que se expandiu para os canais de varejo, food service e exportação, indo para 23 Estados e 13 países, principalmente do Oriente Médio.
Qual é o volume de carne produzida pela Carapreta?
A projeção para 2022 é de 11,5 mil toneladas de produção de carne bovina, sendo que em 2021 foram 8.500 toneladas. O ciclo de investimento acaba em 2023. São 70 mil cabeças de gado, temos a maior fazenda de angus da América Latina. A gente pretende chegar até 2023 em torno de 15 mil toneladas por ano, sendo 90% para o mercado interno e 10% para o mercado externo.
Qual é o portfólio da Carapreta?
Além da carne in natura, na carne bovina são mais de 50 tipos de cortes, no cordeiro mais de 15 tipos de cortes, e a tilápia e toda a linha de industrializados que são hambúrgueres e linguiças e carpas. São mais de 600 skus (tipos de produtos) ativos. Temos a linha de porcionados para varejo e food service.
A empresa gera 1.400 empregos diretos, teremos mais contratações?
Serão mais 10% de contratados entre fazenda, indústria e área comercial. A frota de transporte de animais é 100% própria, e a entrega de logística é de parceiros. São 800 empregos no Norte de Minas e 600 pessoas em escritório e indústria em Belo Horizonte e São Paulo. A sede continua em Belo Horizonte, e a filial logística e comercial, em São Paulo.
Na cadeia de fornecedores, quantas empresas fazem parte desse cinturão para atender as marcas do grupo?
A Cargil é parceira no confinamento, e a Alta Genetics, na parte de genética. Na área industrial tem a Cryovac e Klabin, e a gente direciona a concentrar e desenvolver compra local. Nos últimos três anos compramos mais de R$ 100 milhões no Norte de Minas.
Na emissão de gases que provocam o efeito estufa como o gás metano, na digestão do boi, ou o gás carbônico na atmosfera, a carne produzida pelo grupo já pode ser intitulada carne carbono neutro ou caminha para a neutralidade?
A gente tem a parte de confinamento, pastagens e eucaliptos onde fica a maternidade dos animais. Tanto na produção a pasto quanto eucaliptos, mais a parte de biodigestor e os parceiros que produzem bezerros a pasto, a Carapeta retira 134 mil toneladas de equivalente de carbono no ciclo de produção total. Em vez de emitir carbono, a gente reduz e retira carbono. Nosso compromisso é sempre continuar produzindo de maneira sustentável.
Como é a economia circular que você implanta na atividade?
Foi case de mestrado do Brasil indicado pelo governo de Minas como produção de proteína sustentável na economia circular na COP 26. Lá na COP 26, o que mais gerou surpresa positiva foi o controle total da cadeia e conseguir produzir mais de 120 arrobas por hectare/ano enquanto a média brasileira é de 5 arrobas por hectare/ano. O quanto pode ser produtivo e sustentável. Na nossa economia circular, a água usada pra produção de peixe, essa mesma água é rica em nitrogênio, fósforo e potássio, e ela é utilizada para irrigar. Essa irrigação produz o milho e a soja, e esse milho é fornecido para a alimentação dos bovinos e ovinos. Eles excretam o esterco, e o esterco vai para o biodigestor, que gera energia. Além disso, tem como subproduto um substrato que é usado nas lavouras e reduz a adubação química, e essa energia que ele gera liga os pivôs e liga as nossas indústrias. Aí processamos os animais na indústria. Na indústria tem geração de resíduos industriais, os dejetos, que são enviados para fazer farinha de sangue e de ossos, que volta para a ração do peixe. Nosso case mostrado na COP 26 foi considerado inédito pelos participantes.