Diplomacia

Embaixada da Venezuela em Brasília é ocupada por simpatizantes de Guaidó

Grupo formado por cerca de 20 pessoas fardadas tomou o espaço por volta das 5h; para Eduardo Bolsonaro, "parece está sendo feito o certo, o justo", enquanto opositores do governo brasileiro falam em "milicianos"

Qua, 13/11/19 - 10h14
Militarized police patrols the surroundings of the Venezuelan embassy in Brasilia, Brazil, on November 13, 2019, while loyalists to President Nicolas Maduro and to Venezuelan opposition leader Juan Guaido face off inside the country's embassy. - Embassy officials opened the doors to Guaido's appointed ambassador Teresa Belandria after recognizing the opposition leader as president, the envoy said in a statement. (Photo by JORDI MIRO / AFP) | Foto: AFP

Um grupo de apoiadores do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, ocupou a embaixada da Venezuela em Brasília na manhã desta quarta-feira (13).

Segundo a equipe de Guaidó, funcionários da embaixada permitiram o acesso ao local de Tomas Silva, ministro-conselheiro acreditado pelo Brasil. A embaixadora proclamada por Guaidó, Maria Teresa Belandria, não está no país.  Segundo comunicado dela, um grupo de funcionários decidiu abrir as portas e entregar as chaves da embaixada voluntariamente, bem como reconhecer Guaidó como legítimo presidente.

Houve um princípio de confusão e a polícia militar foi acionada. O adido militar chavista, leal ao regime, ficou do lado de fora. É a primeira vez que eles entraram na sede, ainda controlada pelo chavistas, desde que presidente Jair Bolsonaro aceitou as credenciais da equipe de Guaidó, no início do ano. A diplomacia de Guaidó vinha tentando tomar o prédio e desalojar os funcionários enviados por Maduro - que não tem mais relacionamento diplomático com o Brasil. Agora, eles pedem que os servidores de sete consulados venezuelanos no país façam o mesmo e garantem ajuda para deixar o Brasil, caso desejem.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL- RJ) comentou o fato em suas redes sociais. "Nunca entendia essa situação. Se o Brasil reconhece Guaidó como presidente da Venezuela, por que a embaixadora Maria Teresa Belandria, indicada por ele, não estava fisicamente na embaixada? Ao que parece agora está sendo feito o certo, o justo", declarou no Twitter.

 

A Venezuela não tem embaixador no Brasil desde 2016, quando Nicolás Maduro chamou o  representante de volta em protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff. 

No início da manhã, um grupo de políticos ligados à esquerda brasileira foi até o local. Em suas redes sociais, o senador Humberto Costa (PT- Pernambuco) relatou que são cerca de 20 pessoas. "Se estão armadas ou não, nós não sabemos", declarou. Ele explicou que membros do Itamaraty se dirigem ao local. "Eles estão fardados. Houve um empurra-empurra, tentaram impedir a nossa entrada, mas entramos aqui com o respaldo das autoridades da Venezuela. Jornalistas foram agredidas pela Venezuela, mulheres foram agredidas pelos milicianos", declarou o senador. Segundo ele, há  brasileiros e venezuelanos envolvidos.

Segundo o senador, trata-se de "invasão de território venezuelano", onde residem também famílias - a embaixada possui uma área residencial. "Tudo indica que foi uma invasão planejada para ocorrer durante (a reunião dos) Brics, para ter maior repercussão", disse o senador.

A XI Reunião do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ocorre em Brasília nesta quarta-feira (13). O grupo foi fundado em 2006, inicialmente sem a África do Sul, e os líderes se reúnem anualmente desde 2009  para abordar temas de interesse em comum.

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