Susto

Fragata brasileira saiu do porto de Beirute horas antes da explosão

A tripulação testemunhou a gigantesca explosão na capital libanesa de um ponto a cerca de 15 km do porto

Por IGOR GIELOW/FOLHAPRESS
Publicado em 04 de agosto de 2020 | 19:32
 
 
Fragata brasileira Independência saiu do porto antes da explosão Foto: Ministério da Defesa/Divulgação

A fragata brasileira Independência deixou o porto de Beirute por volta das 9h desta terça (4), 3h em Brasília, para mais um dia de patrulha regular nas águas ao redor da cidade.

Às 18h30 (12h30 em Brasília), a tripulação testemunhou a gigantesca explosão na capital libanesa de um ponto a cerca de 15 km do porto.

"Percebemos uma onda de choque, seguida de um ruído bastante forte. Quando a gente avistou, já havia uma coluna de fumaça de cor rosada. Foi quando a gente percebeu que havia acontecido algo grave", disse à Globonews o contra-almirante Sergio Renato Berna Salgueirinho, que comanda a Independência.

O navio é a nau capitânia da Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), estabelecida em 2011 com comando brasileiro.

A frota tem outras cinco fragatas, da Alemanha, da Grécia, da Indonésia, da Turquia e de Bangladesh -essa última estava no porto na hora da explosão, e a Unifil afirma que há vários feridos graves sendo atendidos.

A Independência voltou ao porto para tomar ciência dos danos. Salgueirinho é o comandante da Força-Tarefa, que se reporta à ONU.

A Unifil foi criada em 1978, para tentar ajudar a estabilizar os diversos conflitos da guerra civil que corria no Líbano (1975-90). Em 2011, recebeu seu componente marítimo, o primeiro do tipo sob bandeira da ONU.

Boa parte de seu trabalho é evitar o contrabando de armamentos na costa libanesa e verificar a ausência de forças israelenses em águas territoriais do país, com o qual já teve diversos choques militares desde os anos 1970.

A Independência embarca cerca de 200 marinheiros. O Brasil planeja desde o ano passado deixar o comando da Força-Tarefa para focar seus poucos recursos navais no Atlântico Sul. O país contratou a construção de quatro corvetas pesadas, ou fragatas leves, de um consórcio liderado pelos alemães da TKMS.

A indisponibilidade de fragatas, sete hoje na frota brasileira, já levou a Marinha a ter de enviar uma corveta, navio de menor porte, para o Líbano no ano passado.