Eleição estadunidense

Glenn Greenwald, co-fundador do The Intercept, deixa o site alegando censura

“As mesmas tendências de repressão, censura e homogeneidade ideológica que infestam a imprensa nacional (EUA) chegaram ao “jornal que eu co-fundei, escreveu

Por Da redação
Publicado em 29 de outubro de 2020 | 15:57
 
 
Glenn Greenwald, jornalista do “The Guardian”, diz ter mais informações sobre espionagem Foto: Vincent Yu/associated press

Jornalista, ganhador de um Prêmio Pulitzer, e advogado, Glenn Greenwald, co-fundador do “The Intercept”, anunciou na tarde desta quinta-feira (29), pelo Twitter e em carta aberta, que pediu resignação do quadro de repórteres do periódico.

My Resignation From The Intercept

The same trends of repression, censorship and ideological homogeneity plaguing the national press generally have engulfed the media outlet I co-founded, culminating in censorship of my own articles.https://t.co/dZrlYGfEBf

— Glenn Greenwald (@ggreenwald) October 29, 2020

No texto publicado, ele acusa o site de censurar críticas que fez em uma matéria à candidatura de Joe Biden, candidato democrata opositor a Donald Trump nas eleições estadunidenses deste ano. 

“As mesmas tendências de repressão, censura e homogeneidade ideológica que infestam a imprensa nacional (EUA)” chegaram ao “jornal que eu co-fundei, culminando na censura de minhas próprias reportagens”, escreveu. 

Na carta, publicada na Substrack, plataforma de publicação para textos, ele afirma que o motivo principal de sua resignação foi a “violação de meu direito contratual de liberdade editoral”.

Ele alega que isso ocorreu quando os editores do “The Intercept” “censuraram um artigo que escrevi nesta semana, recusando-se a publicá-lo caso eu não retirasse todas as seções críticas ao candidato democrata à presidência (dos Estados Unidos) Joe Biden”. 

"Contudo, as patológicas, iliberais e repressivas mentalidades que me levaram a este bizarro espetáculo, de ser censurado no jornal que ajudei a fundar, não são exclusivas ao ‘The Intercept’”, continuou.  

Greenwald ainda afirma que Biden é “veementemente apoiado por todos os editores do The Intercept que vivem em Nova York” no que classificou como “um esforço de supressão (às críticas)”. O co-fundador do “The Intercept” afirma que continuará “fazendo jornalismo” na Substrack por ora.

Em apoio, o marido de Greenwald, o deputado federal David Miranda (PSOL), disse que o jornalista é "o homem mais íntegro" que conhece. "Não vende suas ideias e valores por nada nesse mundo. Minha inspiração em todos os momentos. Se demitiu do The intercept por causa de censura. Sigo firme apoiando e amando sua integridade", publicou o parlamentar.

O homem mais íntegro que não vende suas ideias e valores por nada nesse mundo. Minha inspiração em todos os momentos. Se demitiu do The intercept por causa de censura. Sigo firme apoiando e amando sua integridade. LEIAM! https://t.co/emsg2iJk8j

— David Miranda (@davidmirandario) October 29, 2020

Em resposta a uma seguidora, que questionou se Greenwald se ausentaria, também, das atividades que mantém no "The Intercept Brasil", Miranda afirmou que a resignação só se aplica à redação de Nova York. 

"(Glenn) acredita que todos que discordam dele é corrupto"

Após o anúncio, o corpo editorial do "The Intercept" publicou um texto rebatendo as críticas feitas pelo jornalista e afirmou que a demissão ocorrer por uma "discordância fundamental" sobre o papel da edição e produção de jornalismo. 

"Glenn impõe o direito absoluto de determinar o que ele quer publicar. Ele acredita que qualquer um que discorde dele é corrupto, e que qualquer edição de suas palavras é censura", diz o texto. "É importante deixar claro que nosso objetivo ao editar o trabalho dele é garantir que o texto seja preciso e justo", completa. 

(Leia a íntegra, em inglês, da resposta do "The Intercept")