A seleção argentina encara nesta terça-feira mais uma semifinal na Copa do Mundo, desta vez tendo a Croácia como adversária. É um momento em que o mundo fica atento não somente ao futebol de Lionel Messi e cia, mas também para a Argentina como um todo, um país que enfrenta de forma resiliente uma antiga crise econômica e uma turbulência política, agravada pela condenação da vice-presidente Cristina Kirchner.
Com 45,8 milhões de habitantes, a Argentina tem o 26º maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo - tendo em 2021 um desempenho de aproximadamente um terço do Brasil. Em compensação, o país vizinho se sai muito melhor em relação ao PIB per capita: US$ 10,7 por pessoa, enquanto por aqui o valor é de US$7,5.
O país tem o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América do Sul, atrás apenas no Chile. No ranking divulgado pela Organização das Nações Unidas em 2022, a Argentina aparece em 47ª colocação - 40 posições acima do Brasil.
Apesar de viver uma crise econômica e política que se arrasta há, ao menos, duas décadas, a Argentina tem setores públicos – especialmente na educação básica e no sistema de saúde – muito bem consolidados. Com isso, índices como o IDH continuam relativamente elevados, mesmo com todos os problemas enfrentados nos setores econômicos.
“Tem a ver com renda per capita, saúde, expectativa de vida, o quanto as pessoas esperam viver, e educação. Leva-se em consideração o tempo de escolaridade. São elementos que, apesar das crises, seja econômica, seja como sanitária, como a Covid-19, tem a ver com uma Argentina que era uma grande economia no século XX. Que eram pontos importantes. Não apenas educação básica, mas também superior. Saúde mais ampla, não apenas emergencial. A economia não tem tido boa performance, mas esses índices têm outras bases também”, explica a professora adjunta da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Patrícia Nasser.
"Não é que a Argentina seja muito melhor que o Brasil, mas há elementos mais difíceis de mudar frente a crises, além de haver uma economia muito menos desigual que a brasileira”, completa.
Confira os principais dados econômicos da Argentina
PIB per capita (2011): US$ 10.314
Taxa nacional de alfabetização (censo 2010): 98,1%
(IDH, 2011): 0,797
Esperança de vida ao nascer (anos): 75,9
Renda Nacional Bruta (RNB) per capita: US$ 14.527
Economia da Croácia
A antiga república iugoslava – que tem 4,1 milhões de pessoas, pouco mais que a população da região metropolitana de Belo Horizonte – tem sua economia baseada em produção de químicos e outras modalidades industriais. Além disso, o país tem forte inclinação ao turismo, sendo um dos locais mais visados por ‘ricaços’ que procuram praias paradisíacas na Europa Oriental. O setor movimentava US$ 11 bilhões antes da pandemia de Covid anualmente, e era responsável por 19% do PIB.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) classifica o país como uma economia desenvolvida, e cita a União Europeia (UE) como principal parceiro comercial. O Ministério de Relações Exteriores do Brasil classifica a economia croata como “dominada pelo setor terciário de serviços”. Em 2018, “o comércio com os Estados-Membros da UE, em 2018, representou quase 70% do total das exportações e 78 % do total das importações. Itália, Alemanha e Eslovênia são, tradicionalmente, os principais parceiros comerciais da Croácia”, narra um documento da pasta.
Em 2019, a Croácia ocupou o 94º lugar na lista de exportações brasileiras, com saldo de US$ 70 milhões na balança comercial em favor da economia do Brasil. “O intercâmbio comercial entre Brasil e Croácia tem sido tradicionalmente favorável”, explica o ministério. O Brasil exporta, principalmente, açúcar, café, minério de ferro e tabaco para a Croácia e importa máquinas e medicamentos, especialmente motores e maquinário não-elétrico.
Confira os principais dados econômicos da Croácia
PIB (2019, bn $US) – 60,42
PIB per capita (2019, $US) – 14 336
Taxa de natalidade (1.000 hab, 2018) – 9,0
Taxa de mortalidade (1.000 hab, 2018) – 12,9
Inflação (2019) – 0,8%
Salário líquido médio (US$, 2018) – 940
Taxa de risco de pobreza, % (2018) – 19,3
População que vive abaixo da linha de pobreza com renda de $1.90 por dia (PPP, %) – 0,7