Estado Islâmico

Missão da ONU vai investigar crimes de guerra no Iraque 

Brasil apoia missão, mas se posiciona contra uma nova intervenção militar

Por Da Redação
Publicado em 02 de setembro de 2014 | 03:00
 
 
Retomada. Após retomada da cidade iraquiana de Amirli, ajuda humanitária começou a chegar ao local Uncredited

Genebra, Suíça. O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) concordou em mandar uma missão para o Iraque para investigar as violações cometidas por forças do Estado Islâmico no país. Uma resolução apresentada por França e Iraque foi adotada pelo conselho sem votação, porém, a delegação da África do Sul disse que se desassociou do texto por falta de equilíbrio.

“Nós estamos enfrentando um monstro terrorista”, disse o ministro de Direitos Humanos do Iraque, Mohammed Shia’ Al Sudani, numa sessão de emergência em Genebra.

De acordo com o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos Rupert Colville, a expectativa é que 11 investigadores da ONU comecem a trabalhar no Iraque dentro de algumas semanas.

“Os relatórios que temos recebido indicam atos em uma escala de desumanidade inimaginável”, declarou Flavia Pansieri, alta comissária adjunta das Nações Unidas para os direitos humanos, citando assassinatos seletivos, conversões forçadas, sequestros, escravidão, tortura e perseguição por causas religiosas e étnicas.

Contrário. Apesar de apoiar a missão para investigar as violações cometidas pelos extremistas islâmicos, o Brasil se posiciona ao lado de Rússia, China e Índia e é contra qualquer tipo de intervenção militar no Iraque sob o pretexto de combater o Estado Islâmico.

Em um discurso no Conselho de Direitos Humanos da ONU, ontem, o governo brasileiro condenou as violações cometidas pelo grupo extremista e pediu que os responsáveis sejam levados à Justiça. Contudo, pediu que a forma de combate ao grupo seja por meio de um apoio ao governo do Iraque. “A ONU deve apoiar o novo governo do Iraque em sua tarefa de promover a estabilidade no país e o respeito aos direitos humanos”, disse a embaixadora do Brasil nas Nações Unidas, Regina Dunlop.

A diplomata expressou “a profunda preocupação” do Itamaraty diante da crise no norte do Iraque. “O Brasil condena os abusos e violações”, declarou a embaixadora, acusando o grupo de atacar civis, jornalistas e perseguir cristãos.

Ajuda. A ajuda humanitária começou a chegar ontem à cidade iraquiana de Amirli, um dia depois de forças de segurança, apoiadas por milícias xiitas, aliadas do Irã, e ataques aéreos norte-americanos, terem interrompido um cerco de dois meses realizado por integrantes do grupo sunita Estado Islâmico. Ali al-Bayati, que lidera a organização não governamental Fundação da Salvação Turcomena, disse que quatro caminhões cheios de alimentos, remédios e frutas entraram na cidade.

Número de mortes cai

Mortos. A ONU afirmou ontem que o número de iraquianos reportados mortos durante conflitos no mês de agosto foi um pouco menor do que o registrado em julho – 1.420 contra 1.737 no mês anterior.

Civis. Conforme a missão da ONU no Iraque, o número de mortos no mês passado inclui 1.265 civis e 155 membros das forças de segurança do Iraque, além de 1.370 pessoas feridas.

Norte. Segundo a ONU, os números não incluem mortos na província de Anbar e em outras partes do norte do país que estão sob domínio de militantes.

Reféns. Mais de 2.000 mulheres e crianças estão sendo mantidas reféns no Iraque por jihadistas do Estado Islâmico, mas o número pode ser maior.