Guerra

Negociações diretas entre Ucrânia e Rússia começam em Istambul

Os negociadores foram recebidos antes pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que pediu o fim da tragédia

Por Agências
Publicado em 29 de março de 2022 | 08:30
 
 
Esta foto divulgada pelo serviço de imprensa presidencial turco em 29 de março de 2022 mostra o presidente turco Recep Tayyip Erdogan abrindo negociações ucranianas-russas em Istambul. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse às delegações russa e ucraniana que devem retomar as negociações presenciais na terça-feira que "ambas as partes têm preocupações legítimas. Foto: Murat CETIN MUHURDAR / TURKISH PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP

As negociações entre a delegação russa e os enviados ucranianos em Istambul começaram nesta terça-feira (29) pouco depois das 10h30 (4h30 de Brasília), informou a agência oficial turca Anadolu. 

Os negociadores foram recebidos antes pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que pediu o "fim da tragédia" da ofensiva russa na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro.

As negociações tentam frear uma guerra que já deixou quase 20 mil mortos e que obrigou 10 milhões de pessoas a abandonar suas casas.

As conversações acontecem no Palácio de Dolmabahçe, em Istambul, a última residência no Bósforo dos sultões e que também foi a última sede administrativa do Império Otomano, que atualmente abriga escritórios da presidência turca.

"As partes têm preocupações legítimas, é possível chegar a uma solução que seja aceitável para a comunidade internacional", afirmou o chefe e Estado turco.

Erdogan destacou que depende das duas partes "dar fim a esta tragédia", antes de declarar que "a prorrogação do conflito não interessa a ninguém".

"O mundo inteiro espera boas notícias", afirmou aos negociadores. 

O oligarca russo Roman Abramovich - que tentou se posicionar como negociador entre Moscou e Kiev - também estava presente, segundo uma foto divulgada pela presidência turca. 

Após uma reunião na capital ucraniana em março, o bilionário, que mantém dois iates atracados na costa turca desde a semana passada, mostrou sinais de que poderia ter sido envenenado. Outra foto da agência russa Ria Novosti mostra Abramovich ao lado de Erdogan e do ministro turco das Relações Exteriores.

A Turquia recebeu em 10 de março em Antalya, sul do país, a primeira reunião de ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia desde o início da invasão russa.

Mas o encontro não resultou em um cessar-fogo e nenhum avanço significativo foi registrado.

A Turquia, que compartilha a costa do Mar Negro com os dois países beligerantes, atua desde o início da crise para manter laços fluidos com as duas partes e e se esforça para atuar como mediador do conflito. 

Ancara é um aliado tradicional de Kiev e forneceu ao país os drones Bayraktar, que a Ucrânia utiliza no conflito. 

Ao mesmo tempo, o país também procura manter boas relações com a Rússia, uma vez que depende fortemente das importações de gás e das receitas do turismo.

A Turquia também se envolveu, ao lado de França e Grécia, na negociação de uma retirada humanitária dos milhares de civis bloqueados no porto ucraniano de Mariupol, cercado pelos soldados russos.

Abramovich é mediador

O oligarca russo Roman Abramovich está desempenhando um papel de mediador nas negociações entre Rússia e Ucrânia que começaram nesta terça-feira em Istambul, anunciou o Kremlin, ao rejeitar as afirmações de que o empresário foi envenenado.

"Abramovich está desempenhando um papel no estabelecimento de contatos entre os lados russo e ucraniano", disse o porta-voz da presidência da Rússia, Dmitri Peskov. "Ele está presente em Istambul", embora não seja um membro oficial da delegação russa, acrescentou.

Peskov também rebateu as afirmações do Wall Street Journal e de fontes do governo americano de que Abramovich e dois negociadores ucranianos sofreram sintomas que sugeriam um possível envenenamento após uma rodada anterior de negociações. 

"Isto é parte da guerra de informação contra a Rússia", disse, antes de insistir que "esta informação não corresponde à realidade".