Equador

Papa tenta amenizar tensão política em missa 

Francisco fez diversas referências indiretas às manifestações contra o governo

Por Da Redação
Publicado em 07 de julho de 2015 | 20:30
 
 
Mensagem. “Que todos sejam irmãos, que não haja ninguém excluído dessa nação”, disse Francisco VINCENZO PINTO

Quito, Equador. O papa Francisco alertou nesta terça-feira sobre “os sectarismos”, a tentação das “ditaduras” e “lideranças únicas”, em sua segunda missa campal no Equador, durante a qual pediu “inclusão em todos os níveis” e “diálogo” no país, atingido há um mês por protestos.

“A imensa riqueza da diversidade nos afasta a tentação de propostas mais próximas das ditaduras, ideologias e sectarismos,” advertiu Francisco no parque Bicentenário de Quito, na presença de 900 mil fiéis.

A esse respeito, ele chamou a “lutar pela inclusão em todos os níveis” e promover o “diálogo” em uma aparente referência às manifestações contra e a favor do presidente Rafael Correa, que participou da missa.

O presidente equatoriano, um confesso admirador de Francisco e que se descreve como um “católico humanista de esquerda”, enfrenta há alguns meses protestos frequentes que exigem sua saída do poder pela rejeição à políticas de corte socialista que, segundo o governo, pretendem redistribuir a riqueza através da cobrança de impostos aos mais ricos.

Durante a missa, o papa também evocou o grito de liberdade, há 200 anos, na América Latina. “Aquele grito de liberdade não careceu de convicção nem de força, mas a história nos conta que só foi forte quando deixou de lado os personalismos, o desejo de lideranças únicas”, lembrou Francisco.

Interpretação. As palavras do papa provocaram comentários entre os fiéis, que as identificaram como uma mensagem ao governo de Correa e a seus opositores. “De uma maneira indireta ele disse ao presidente que leve em conta que há pessoas que não têm as mesmas ideias, pedindo que mude de alguma maneira certas coisas que as pessoas não estão de acordo”, declarou Felipe Lascano, um estudante de 22 anos.

Antes da missa campal, o papa Francisco tentou amenizar a tensão no Equador, em função dos protestos. “Vou dar a bênção para este grande e nobre povo equatoriano; para que não haja diferenças, que não haja gente que se descarte. Que todos sejam irmãos, que se incluam todos e que não haja ninguém excluído dessa grande nação”.

 

Agenda

Visitas. Nesta quarta-feira, Francisco concluirá sua visita ao Equador com visitas a um asilo e ao santuário da Virgem de El Quinche. O giro de oito dias que termina no domingo, no Paraguai.