Bogotá. O Senado colombiano aprovou ontem, por 62 votos a favor e cinco contra, a proposta de plebiscito que abre caminho para o presidente Álvaro Uribe buscar, em 2010, seu terceiro mandato consecutivo. A sessão foi extremamente agitada, com os senadores dos opositores Partido Liberal (com 18 congressistas) e Polo Democrático Alternativo (PDA, com 8 senadores) tendo deixado a Casa antes da votação.
No total, 35 dos 102 senadores abstiveram-se de votar. "Essa proposta permite a instalação de uma ditadura e de um governo plutocrático", denunciou o senador Luis Carlos Avellaneda, do PDA.
Pelo projeto, uma emenda constitucional ampliando de dois para três o número máximo de mandatos consecutivos de um presidente deve ser levada a consulta popular. Mas a convocação do referendo ainda deve ser avaliada pela Corte Constitucional da Colômbia - o que pode demorar até quatro meses.
Além disso, o Senado e a Câmara dos Deputados também precisam formar uma "comissão de conciliação" para entrar em acordo sobre o conteúdo do referendo. Em caso de aprovação do plebiscito pela Corte Constitucional, as autoridades eleitorais terão então de determinar a data da consulta.
Na Colômbia, para que a consulta tenha validade, precisam ir às urnas pelo menos 25% dos eleitores. O país possui atualmente cerca de 28 milhões de pessoas aptas a votar.
A proposta aprovada pelos deputados diz que a permissão para a segunda reeleição passaria a valer a partir de 2014. Mas, em abril, uma comissão do Senado reformou o texto para que a norma entrasse em vigor já em 2010.
No poder desde 2002, Uribe nunca se pronunciou abertamente sobre a aprovação do terceiro mandato, mas tampouco descartou a possibilidade de tentar a reeleição. O presidente não desestimulou seus partidários quando eles lançaram uma campanha para conseguir assinaturas para pedir que o Congresso discutisse o referendo.
Polêmica. Em 2003, a população rejeitou, em uma consulta popular, a primeira reeleição de Uribe, que só conseguiu aprová-la por meio de uma polêmica emenda constitucional no Legislativo. Desde então, ele vem conseguindo manter altos índices de popularidade graças ao relativo sucesso da guerra do governo contra os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).