Kiev, Ucrânia. Um grupo de mulheres ucranianas começou nesta semana uma campanha em que negam sexo aos cidadãos russos em protesto contra a anexação da região autônoma da Crimeia por Moscou e o conflito com o governo ucraniano. O embargo sexual faz parte de um boicote maior feito por ucranianos contra produtos russos em geral.
As ativistas abriram uma página no Facebook, em que elas posam com camisetas com a mensagem “Não dê para os russos”. Acima, o desenho de duas mãos juntas, simulando o formato de uma vagina. As camisetas também são vendidas pelo grupo, por US$ 23 (R$ 53). Ao lado, um verso do poema“Kateryna”, de 1838, escrito pelo ucraniano Taras Shevchenko: “Oh, damas de sobrancelhas escuras, apaixonem-se, mas não pelos cossacos (russos)”.
Segundo uma das fundadoras do movimento, Katerina Venzhik, o dinheiro da venda das camisetas será destinado ao Exército ucraniano. “Acreditamos que, no contexto da ocupação militar do território, é besteira continuar achando que todos os homens são iguais”, disse, em entrevista à revista norte-americana “Foreign Policy”.
Reação. No domingo, a página começou a ser comentada pelos russos nas redes sociais. Alguns deles insultaram as ativistas, chamando-as de prostitutas.
A página também foi motivo de imagens irônicas. Uma delas usou a foto da ativista liberal Valeriya Novodvorskaya, de meia idade, com a frase “Penso que ela está fazendo greve de sexo há trinta anos”. Apesar de ser russa, a mulher, que é conhecida pela sua aparência estranha, foi considerada um exemplo da resistência ucraniana pelo parlamentar russo Robert Shlegel.
O CASO. A região ucraniana da Crimeia foi anexada no último mês pela Rússia após a invasão da região por cerca de 30 mil soldados russos e da realização de um referendo no qual mais de 90% da população votou pela saída da Crimeia da Ucrânia e pela anexação à Rússia.
O golpe à integridade territorial ucraniana ocorreu logo após a deposição do presidente do país, Viktor Yanukovich, um aliado russo que rejeitou um acordo econômico com a União Europeia em novembro do ano passado para favorecer Moscou. A decisão do ex-presidente foi o estopim para uma série de protestos em toda a Ucrânia, e, principalmente, na capital, Kiev.
A anexação da região da Crimeia pela Rússia não é reconhecida por entidades internacionais.