Segurei-me muito antes de escrever sobre o ocorrido que ganhou as telas da TV e internet nesta semana, mas não consigo ficar calada. Ao presenciar uma jovem senhora, infringindo todas as regras e humilhando uma pessoa em público, não dei conta e me fiz a seguinte pergunta: Será que ela sabe o significado da palavra “cidadão”? Com certeza que não.

Neste momento, naquele lugar, naquela situação, tudo o que a pessoa que ela estava “defendendo” deveria ser era cidadão.

Em plena pandemia, os bares são liberados com regras e limitações, a pessoa se acha no direito de não cumprir o que foi determinado em lei e ainda ofende quem a cobra disso. Ela só se esqueceu de uma coisinha: saber o significado de cidadão.

Ficou muito feio o que ela mostrou ao mundo (sim, ao mundo, porque, infelizmente, o Brasil tem protagonizado cenas tão bizarras, que o mundo está assistindo e rindo) sua total ignorância.

Independentemente da titulação acadêmica que uma pessoa possa ter, hoje, ser cidadão, é a mais exigida entre todas. O que adianta a pessoa ter várias formações acadêmicas, mestrados, doutorados, pós doutorado, PhD, se ela não sabe ser cidadã?

Ser cidadão é ter consciência social e política de seu papel na sociedade, é saber das leis que regem seu país e cumpri-las, é conhecer seus direitos e deveres e exercer sua consciência coletiva enquanto ser humano que vive em sociedade.

Parece-me que a palavra coletividade também não está clara para muitos. Cada um continua olhando seu umbigo, seu prazer, sua necessidade e pronto. Se continuarmos com pessoas que não sabem o significado de ser cidadão e a importância da consciência de coletividade neste momento, iremos presenciar uma catástrofe neste país.

O que muito me impressiona é o fato de o ocorrido ter sido em um local frequentado pela “dita classe média” que, infelizmente, tem trazido à tona sua total ignorância neste momento. Em Brumadinho, não passamos uma semana sem os “riquinhos” derrubarem as placas de isolamento que a prefeitura colocou para que não usem a área pública para lazer. Eles se acham no “direito” de burlar regras, acreditam que suas poses financeiras lhes permitem isso. Esses, que se acham poderosos porque têm seus títulos acadêmicos (alguns conseguidos com anos de “cola” na faculdade, assinaturas em trabalhos alheios e plágios na faculdade) pouco sabem sobre respeito, amor, solidariedade e cidadania.

Que pena! Que pena ainda existir tanta gente ignorante, que acha que o fato de ter um título acadêmico faz deles pessoas melhores que os outros, que acham que podem desrespeitar uma lei em um momento tão triste e difícil, que se acham melhores, mas no fim das contas, são tão pobres de espírito, tão pobres de humanidade que só me resta ter pena deles.

Desculpe-me, minha senhora, mas a fala do fiscal estava certíssima, naquele momento ele queria estar falando com um cidadão, sim, um cidadão ciente de seus direitos e deveres, ciente da importância que ele, como todos nós temos, nesse momento.