Muita cautela é necessária neste momento de crise. Entender os cenários e analisar as situações se torna exercício diário e indispensável. Com o avançar da COVID-19, a economia começa a arrefecer e o prognóstico, diante da necessidade do isolamento, é dos piores possíveis.

Minas Gerais, Estado que vive hoje uma crise fiscal profunda, as saídas para a situação atual são cada vez mais complexas. Mas, em um momento tão crítico, no qual necessidades básicas são as que mais importam, onde ficam a cultura e o turismo?

Parece até irresponsável, quando analisado de forma rasa, enquanto muitas pessoas necessitam do sistema de saúde, falar a respeito de temas como estes. Contudo, ambos os setores têm um impacto imenso nas nossas vidas, e deixá-los de lado neste momento é que seria realmente irresponsável.

Para se ter a noção da magnitude do problema, até quarta-feira (1º), 38 hotéis na região metropolitana de Belo Horizonte tiveram suas atividades suspensas, e mais de 3.000 funcionários haviam sido demitidos. Em todo o Estado, já é possível contabilizar mais de 4.000 demissões, e a previsão, infelizmente, é que esses números venham a crescer.

Qual o impacto de mais de 4.000 famílias sem emprego e sem sua remuneração, mesmo que parcialmente? Além dos hotéis, há enorme repercussão em bares, restaurantes, centros de convenções, museus e demais empreendimentos que compõem a cadeia turística mineira. O mercado do turismo em Minas Gerais é de alta relevância no espectro econômico. Segundo o Observatório do Turismo de Minas Gerais, em 2018 foram mais de 27,4 milhões e turistas e uma receita de R$ 18,2 bilhões.

No campo cultural, o impacto e as perdas são incalculáveis. Além de museus, casas de espetáculo, teatros e demais empreendimentos cujos prejuízos é possível mensurar, existe a perda individual dos artistas autônomos e informais – estas, sim, incomensuráveis. A arte está constantemente presente através da música, do cinema e várias outras manifestações as quais temos acesso diariamente. Estes conteúdos não são apenas produzidos por grandes empresas, mas também por diversos artistas autônomos.

É o caso de circenses, cantores e cantoras, atrizes e atores, além de tantos outros dependem da cultura para sobreviver e manter suas famílias. Entender a produção cultural como desenvolvimento econômico é imperativo, já que é um mercado que gera empregos, produz renda e faz a economia girar por possuir uma magnitude e presença no consumo diário da sociedade.

Cultura e turismo podem ser entendidos como setores secundários e até mesmo como mercados invisíveis para muitos. Contudo, ambos são motores sólidos e pujantes da economia mineira. Cultura e turismo, quando combinados, principalmente em Minas Gerais, podem ser a mola propulsora para a saída de qualquer crise, inclusive a atual. Cultura e turismo são a essência deste Estado.