A pandemia do novo coronavírus avança no mundo e mobiliza a comunidade médica na procura por uma solução para minimizar os sintomas. Muitos medicamentos já foram considerados, sendo grande parte deles atuante no combate a doenças reumáticas, como artrite reumatoide. A nova aposta de médicos e cientistas é a dexametasona, medicamento já usado contra o reumatismo e que parece ter apresentado bons resultados na redução da mortalidade por covid-19.
Uma pesquisa britânica, chefiada pela Universidade de Oxford, selecionou 2.104 pacientes graves medicados com a dexametasona por via oral ou intravenosa. Eles foram comparados com outros 4.321 pacientes tratados convencionalmente, ou seja, com uso de ventilação mecânica e soro. Os pesquisadores informaram que o medicamento aumentou a chance de sobrevivência entre pessoas com casos graves da doença.
Afinal, o que é a dexametasona e como age no organismo? É um corticosteroide usado para diminuir a inflamação de várias doenças, inibindo a ação do sistema imunológico. A droga está listada como medicamento essencial pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1977, em várias formulações, disponível na maioria dos países. Os pesquisadores estudam a capacidade de o remédio reduzir a inflamação provocada pelo novo coronavírus, melhorando os sintomas em casos graves. O remédio já é usado contra lúpus e artrite reumatoide e também em diversas outras doenças, como alergias, asma e problemas pulmonares.
"Tempestade de citocinas"
É importante ressaltar que o medicamento não age diretamente sobre o vírus, mas, sim, controlando os impactos dele no organismo. Conforme a evolução da doença, o corpo pode dar uma resposta inflamatória exacerbada para combater a infecção. É a chamada “tempestade de citocinas”, uma reação imune do corpo potencialmente fatal. É nessa fase da doença, moderada ou grave, que a dexametasona pode agir para reduzir a inflamação e evitar ainda mais o agravamento do quadro de saúde. Não há vantagens em utilizar a dexametasona em casos leves, nem como forma de profilaxia. Ainda não existe evidência científica comprovando o efeito preventivo na infecção por Covid-19 com o medicamento.
Mesmo com resultados promissores, é importante lembrar que os estudos sobre os efeitos da dexametasona contra a Covid-19 ainda não são conclusivos e, portanto, seu uso requer cautela. Não se deve utilizar qualquer tipo de remédio sem acompanhamento médico, sem necessidade ou indicação, pelo risco adicional de paraefeitos ou toxicidade.
Os estudos ainda precisam passar por novas fases para comprovação dos efeitos no combate à inflamação causada pela Covid-19, mas já é um avanço no entendimento dos efeitos do vírus no corpo e como ajudar a diminuir os impactos.